Os islandeses terão recusado a lei Icesave, que prevê indemnizar os investidores estrangeiros, designadamente holandeses e britânicos, lesados pela falência do banco Icesave, no referendo que decorreu ontem, sábado, naquele país, segundo uma sondagem.
Cerca de 230 mil eleitores islandeses - dos 320 mil habitantes daquele país membro da União Europeia - foram chamados ontem às urnas para se pronunciarem sobre a lei que visa o reembolso de 3,8 mil milhões de euros, avançados pelo Reino Unido e pela Holanda, para indemnizar os milhares de islandeses lesados pela falência do banco "on-line" islandês. As urnas, que abriram às 9 horas locais, não foram muito concorridas, porém, e a taxa de participação não terá ultrapassado metade dos convocados.
O banco Icesave foi um dos casos mais mediáticos e originou um conflito com a Holanda e o Reino Unido sobre o reembolso dos clientes afectados pela falência daquela instituição financeira, onde muitos cidadãos islandeses tinham as suas poupanças e investimentos, perdidos na voragem da falência. Inicialmente, o parlamento islandês aprovou, por curta maioria, uma lei resultante de um acordo entre os governos islandês, britânico e holandês, a lei Icesave, destinada a reembolsar 3,8 mil milhões de euros avançados por aqueles países.
No entanto, o presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimsson, recusou no dia 6 do mês passado, e sob pressão popular, promulgar a lei, tendo agendado o referendo para ontem, naquele que é o primeiro referendo realizado no país desde a independência, em 1944. Grimsson foi permeável à sensibilidade de muitos islandeses para quem tal acordo foi rubricado sob coação e com termos abusivos, e que agora estão em vias de negociar um mais favorável - embora as negociações estejam paradas.
Essa sensibilidade redundou nos resultados da sondagem desenvolvida pela Capacent Gallup que indicava o voto contrário, no referendo de ontem, de três quartos dos eleitores (74%), e a anuência de apenas 19% do eleitorado. E, enquanto decorria o acto eleitoral, centenas de pessoas manifestaram-se ontem diante do Parlamento islandês para pedir mais acção do Governo. "Johanna, vai votar", gritavam os manifestantes, numa alusão à abstenção declarada da primeira-ministra, Johanna Sigurdardottir. "Icesave não! não! não!" e "Parem com o casino financeiro" eram frases escritas em cartazes dos manifestantes, que, de acordo com a AFP, se concentraram na praça do Parlamento após um breve desfile pelas ruas da capital, Reiquejavique.
A crise financeira mundial devastou a economia daquele país insular que, em 2007, foi dado como o mais desenvolvido do Mundo pelo Índice de Desenvolvimento Humano da ONU e com o quarto maior PIB per capita do planeta.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1512896
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