"Acredito que o Governo altere a sua posição pois todo o poder político vai estar a olhar para a movimentação dos trabalhadores", disse à agência Lusa o presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Bettencourt Picanço, lembrando que a greve ocorre poucos dias antes da discussão e aprovação do Orçamento do Estado para 2010.
Picanço manifestou uma perspetiva otimista relativamente aos resultados da greve porque prevê que ela vá ter "uma boa adesão, tal é o descontentamento demonstrado pelos trabalhadores".
O STE tem ocupado os últimos dias a mobilizar os seus associados para a paralisação, quer através de correio eletrónico, quer em reuniões descentralizadas pelo país.
"Vamos continuar este trabalho até à véspera da greve e esperamos que toda a Administração Central tenha uma boa adesão", acrescentou.
O STE, sindicato afeto à UGT, convocou a paralisação por não aceitar o congelamento salarial, o agravamento das condições de aposentação e a falta de perspetiva de carreiras.
Este sindicato reivindica um aumento de 2,5 por cento, para compensar as perdas dos últimos anos, mas já mostrou disponibilidade para baixar a sua proposta caso o Governo reconsidere a sua.
A Frente Sindical da Administração Pública (FESAP) também perspetiva "uma boa adesão para a greve" e acredita ter preocupado o Governo.
Segundo o secretário coordenador da FESAP, Nobre dos Santos, os trabalhadores contactados nos locais de trabalho têm mostrado disponibilidade para participar na paralisação, mas muitos têm também mostrado vontade de se reformar antes que sejam agravadas as penalizações para as aposentações antecipadas.
A FESAP (UGT) reivindica aumentos salariais de 3 por cento.
A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, que tem passado os últimos dias a fazer "muitos plenários e muitas reuniões com os trabalhadores" também prevê "uma grande adesão" para a greve de quinta feira, tomando como indicadores a mobilização demonstrada nos locais de trabalho.
"É a primeira vez que os trabalhadores dos consulados vão fazer greve ao mesmo tempo que os restantes trabalhadores da administração pública", referiu a sindicalista a título de exemplo.
Ana Avoila considera que a paralisação deverá ter mais impacto nos sectores da educação, saúde, finanças e segurança social.
A dirigente sindical disse que espera que os resultados da greve levem o governo a recuar na antecipação do agravamento das penalizações para as reformas antecipadas.
"Este é um dos motivos que está a suscitar maior descontentamento nos trabalhadores e que está a levar muitos a aposentarem-se já, com penalizações muito elevadas", afirmou.
Relativamente ao congelamento salarial a sindicalista não tem "grandes esperanças" de que o Governo retroceda na intenção do congelamento.
http://www.destak.pt/artigo/55643
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