Reforma iniciada em 2005 levou ao encerramento de 34 urgências nocturnas em centros de saúde
Com o encerramento de Valença, Melgaço, Paredes e Arcos de Valdevez são já cinco os Serviços de Atendimento Permanente (SAP) que fecharam portas desde início do ano. O primeiro foi o de Santa Comba Dão, em Fevereiro, fazendo subir para 34 o número de serviços encerrados durante a noite desde o final de 2005, ano em que o então ministro da Saúde, Correia de Campos, iniciou a reforma destas urgências nocturnas para resolver a falta de médicos.
A decisão de fechar os quatro SAP do Alto Minho - só o de Monção continua aberto - trouxe centenas de pessoas à rua e motivou uma marcha lenta que deixou milhares de automóveis parados junto à fronteira com Espanha (ver texto em baixo).
O encerramento surge quase três anos após a assinatura de protocolos entre as autarquias e a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), onde o fim do atendimento durante a noite ficou acordado. No documento, a ARS garantia o funcionamento do SAP até que "os meios que asseguram a emergência pré-hospitalar (novas ambulâncias e respectivos profissionais e tripulantes)" estivessem no terreno. O que aconteceu agora.
Ontem, ao DN, o director da ARS Norte, Fernando Araújo, garantia que "a decisão não foi tomada às escondidas, mas sim negociada com as autarquias locais" nos últimos três anos e que, em Valença permitiu passar para o dia um médico que "à noite atendia uma média de duas pessoas". Rejeita qualquer "secretismo" em torno do anúncio e explica que "a escolha [da data de encerramento] foi o domingo porque é o dia da semana com menos afluência". E recorda que existem 19 meios no terreno, entre os quais uma viatura médica de emergência de reanimação e quatro de suporte imediato de vida.
Carlos Natal, porta-voz da Comissão de Utentes de Valença, garante que "os números da ARS não contabilizam os utentes que vão directamente para Monção". Criticando ainda uma decisão que mereceu o repúdio de Francisco Louçã, do BE. "É já o reflexo de um PEC que ainda nem entrou em vigor."
Depois de praticamente um ano sem fechos, há um mês encerrou o SAP de Santa Comba Dão. Os doentes durante a noite são enviados para Tondela e Viseu. "Agora passamos seis ou sete horas à espera", diz Margarida Ramos. O serviço sofreu alterações no horário, tal como no Alto Minho, mas, no futuro, "a indicação que há é para encerrar definitivamente este serviço", diz o autarca João Lourenço.
Ontem, a comissão de utentes anunciou um protocolo entre a autarquia e a Cruz Vermelha para, a partir de hoje, instalar um hospital de campanha junto ao SAP. "Vai estar aberto à noite, mas o objectivo é que seja 24 horas por dia", diz, explicando que "está garantido um médico e um enfermeiro em regime gratuito".
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1531799
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