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14/12/2009

PSP e GNR perderam este ano 13 elementos que se suicidaram

Dirigentes sindicais denunciam que "desgaste da profissão, grande sobrecarga horária, injustiças e perseguições" levam agentes e militares a pôr termo à vida. O caso mais recente ocorreu em Vila Real

"Estou farto da vida, por isso vou acabar com ela." Este o início da carta que o agente José Nogueira, da PSP de Vila Real, deixou à família antes de se suicidar em casa, na quinta-feira, com a pistola de serviço. Com este caso, aumenta para 13 o número de suicídios de elementos policiais neste ano. Quatro da PSP e nove da GNR, revelaram ao DN dirigentes sindicais.

Na PSP, "desde 1992, já se suicidaram até agora quase 90 agentes, praticamente todos do serviço operacional, e a maioria recorre ao uso da pistola de serviço", revelou ao DN o presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), António Ramos. "Em média, registam-se três ou quatro suicídios por ano. Mas já houve anos com mais e outros com menos", referiu.

Na sua opinião, na origem destes casos de suicídio está "o desgaste da profissão, que é stressante, e uma carga horária muito elevada". Além disso, as alterações no estatuto profissional "fizeram os agentes perderem regalias e direitos que tinham quando ingressaram na PSP. Agora têm de fazer mais dez anos de serviço até à reforma. As pessoas sentem-se frustradas e injustiçadas", salienta o sindicalista.

Denuncia que "falta apoio e acompanhamento por parte da instituição. E há casos de agentes que sofrem perseguições de alguns comandos com ameaças, intimidações e processos disciplinares".

Na GNR, o número médio de suicídios "é de oito ou nove por ano", revelou ao DN o presidente da Associação dos Profissionais da GNR (APG), José Manageiro.

Destaca como causas do suicídio os "elevados níveis de stress pelo ritmo de trabalho e os horários, que privam os militares da vida familiar".

Critica "a desumanização da instituição. Há o endeusamento das chefias e uma relação muito fria com os soldados, que se sentem injustiçados. E não há um serviço de apoio psicológico descentralizado".

O suicídio mais recente ocorreu na quinta-feira, em Vila Real, onde o agente da PSP local, José Duarte Gomes Nogueira, de 48 anos, pôs termo à vida na sua casa, disparando a pistola de serviço.

A viúva, Maria Alcina, de 46 anos, diz desconhecer qualquer problema que pudesse levar o marido ao suicídio. Mas o DN soube que o agente se submeteu, no início do ano, a uma desintoxicação relacionada com problemas de consumo de bebidas alcoólicas.

O agente da esquadra de Vila Real, onde já prestava serviço há 20 anos, era telefonista na central, onde atendia as chamadas do comando e do serviço 112.

O polícia pôs termo à vida após ter estado num café perto de casa e não aparentava qualquer problema. A sua mulher, ao chegar a casa, pelas 17.30, deparou com o corpo do marido sobre a cama, morto com um tiro no ouvido.

O vizinho Gil Sousa ouviu os gritos desesperados da viúva e dirigiu-se a casa dela. "Alertámos de imediato o 112, mas já nada havia a fazer. Tenho pena, pois era uma excelente pessoa e não criava problemas a ninguém".

D.N. - 14.12.09

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