O ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodriguez, declarou hoje que os Estados Unidos "ameaçam os povos latino-americanos" com o estabelecimento de bases militares "cujo propósito é a dominação e a intervenção".
"O governo dos Estados Unidos da América ameaça os povos latino-americanos com o desenvolvimento de uma doutrina militar agressiva, a reactivação da IV Frota e com o estabelecimento de bases militares cujo propósito é a dominação e a intervenção, é aproximar o poderio militar norte-americano das ricas fontes de matérias-primas e recursos energéticos que possui a região", disse.
O responsável, que falava na sessão de abertura da XIX cimeira ibero-americana, fazia alusão ao acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos que permite às forças militares norte-americanas usar sete bases militares no país latino-americano.
"(as bases) Constituem uma ofensa à dignidade da 'Nossa América' e uma ameaça à paz, à estabilidade e à soberania. Apontam não apenas contra a irmã República Bolivariana da Venezuela, que tem todo o direito de se defender, mas contra todos os Estados da região", adiantou Bruno Rodriguez.
A 08 de Novembro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez pediu aos militares e aos civis que o apoiam que se preparassem para a guerra, depois de advertir os governos da Colômbia e dos Estados Unidos que os venezuelanos estão dispostos a tudo.
Defendendo que a América Latina e as Caraíbas devem ser "território livre de bases militares estrangeiras", o chefe da diplomacia cubana exigiu o "encerramento da Base de Guantanamo (base naval norte-americana), do campo de tortura ali instalado e a devolução do território" a Cuba.
Em relação à situação nas Honduras, onde um golpe de Estado em Junho depôs o presidente Manuel Zelaya e se realizaram domingo eleições para escolher um novo chefe de Estado, Bruno Rodriguez disse estar instalada no país "uma ditadura".
"Reconhecer o governo espúrio que destas eleições ilegítimas surja vai ser uma traição aos princípios da paz, democracia e justiça que são proclamados e assim se deveria manifestar esta cimeira", declarou.
A situação nas Honduras vai ser objecto de um dos 13 comunicados especiais que serão aprovados na 19ª cimeira ibero-americana do Estoril conjuntamente com a Declaração de Lisboa e o Plano de Acção.
O embaixador cubano em Portugal, Eduardo Lerner, disse à agência Lusa que Cuba espera que a declaração da Cimeira Ibero-americana do Estoril sobre as Honduras tenha "o consenso de todos os países".
No seu discurso de abertura, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba referiu-se ainda ao tema da cimeira, a inovação e o conhecimento, defendendo que estes devem beneficiar da cooperação entre as nações ibero-americanas e "ser partilhados com um sentido solidário e responsável".
"O nosso avanço será escasso se não for facilitada a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento e se a grande maioria das nações ibero-americanas continuar a ser vítima de uma ordem económica internacional injusta e inoperante", assinalou.
D.N. - 30.11.09
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