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03/12/2009

Frente Comum critica FMI e defende poupança com fim de recurso a empresas externas

A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Função Pública defendeu hoje o fim do recurso a empresas externas pelo Estado, como mecanismo de poupança, ao invés da redução dos salários no sector.

Ana Avoila reagia assim, em declarações à Lusa, à análise divulgada quarta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), na qual se indica que a consolidação orçamental em Portugal passa pela redução da despesa, especialmente da massa salarial dos funcionários públicos.

Considerando que os aumentos salariais dos funcionários públicos vão ser particularmente importantes para a consolidação das finanças públicas, o FMI defende, entre outros aspectos, muita cautela nos aumentos salariais para 2010, "especialmente após o grande aumento, em termos reais, verificado em 2009 e a necessidade de sinalizar a contenção salarial ao sector privado".

Para a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, que agrega 33 estruturas filiadas ou afectas à central sindical CGTP, esta é uma ideia "concertada".

"Já não chegava Vítor Constâncio [governador do Banco de Portugal], já não chegava o ministro das Finanças, já não chegava o patronato dizer que os funcionários públicos precisam de ganhar menos e ser despedidos, vem agora o FMI com essa conversa", insurgiu-se a dirigente sindical.

Sublinhando que a dinamização da economia passa por "salários altos" e "trabalhadores pagos de forma digna", a sindicalista realçou que esta posição do FMI "não vai mudar uma vírgula" à proposta de aumento salarial apresentada pela Frente Comum para 2010, de 4,5 por cento, com um mínimo de 50 euros para cada trabalhador.

A solução para a redução da despesa do Estado passa sim, defendeu Ana Avoila, pelo fim da contratação de empresas externas por parte dos serviços públicos, "porque temos trabalhadores altamente qualificados que podem desempenhar" essas funções.

A sindicalista pormenorizou que, no ano passado, foram gastos cerca de mil milhões de euros no recurso a estas empresas, considerando a quase totalidade dos ministérios, com excepção da Saúde.

"O governo não está a gastar na administração pública, está a investir na privatização através de empresas de outsourcing", criticou Ana Avoila.

D.N. - 03.12.09

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