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05/12/2009

Leoni - Despedimento colectivo pode afectar cinco mil trabalhadores

A Leoni, fábrica de cablagem do sector automóvel, fecha portas em Dezembro de 2010. O número de trabalhadores afectados, em 2009, pelo despedimento colectivo deverá chegar a cerca de cinco mil.

Os números oficiais divulgados pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) revelam que foram despedidas 3861 pessoas até ao final de Outubro, em processos já concluídos por 290 empresas, um número claramente superior ao do ano passado.

Se a esse valor oficial juntarmos alguns dos maiores processos de despedimento colectivo que sucederam durante o mês de Novembro - na Motorpress, na Univeg e na Marcopolo, bem como os que estão previstos e anunciados até ao final deste ano -, o número de pessoas dispensadas em processos de despedimento colectivo deverá rondar as cinco mil no final de 2009.

Seguindo os números da DGERT, verifica-se que a região Norte continua a ser a mais fustigada por este flagelo. Só no mês de Outubro, foram concluídos os processos de despedimento colectivo de 15 empresas, afectando directamente 127 trabalhadores. A esta região segue-se Lisboa e Vale do Tejo com a conclusão de nove processos e o despedimento de 120 pessoas.

Se estes já são números dramáticos, mais pesados se tornam quando se tem em linha de conta não só os processos concluídos, mas também os que foram iniciados este ano. Nos primeiros dez meses deste ano, foram iniciados processos de despedimento colectivo por 635 empresas, que envolviam 9823 trabalhadores. Os números relativos a todo o ano de 2008 são inferiores a 10 meses de 2009.

Os dados da DGERT demonstram ainda que são as micro e pequenas empresas as que apresentaram o maior número de processos, registando quase três quartos do total, mas, é nos processos dos grandes grupos que se verifica o maior número de pessoas atingidas, cerca de 37% dos 9823 trabalhadores ameaçados pelo despedimento.

Estes números nada surpreendem Aurora Teixeira, economista e professora da Faculdade de Economia do Porto, que admite ainda um aumento durante o próximo ano.

"Muitas das empresas que estão a fechar, por exemplo no sector automóvel, têm capitais estrangeiros e os próprios grupos estão a fechar portas, mantendo apenas as fábricas nos países onde a mão-de-obra é mais barata".

Por outro lado, não acredita que esta vaga acabe por aqui. "Somos um país que apostou muito na mão-de-obra intensiva e vamos sofrer ainda mais, especialmente nos sectores automóvel, roupas e calçado, que não são prioritários e para os quais existe uma concorrência fortíssima com mão-de-obra barata".

Para Aurora Teixeira, o erro está nas políticas seguidas nos anos "80 e 90 de subsidiar o emprego, mesmo aqueles que não eram minimamente sustentáveis. E agora, apesar do Governo insistir em políticas de emprego, já não pode subsidiar como se fez em tempos de vacas gordas, não com o défice nos valores actuais".

A questão, frisa, "é que seguimos políticas erradas de crescer em alicerces e vamos continuar no mesmo caminho".

J.N. - 05.12.09

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