Dezenas de cenouras, uma por cada trabalhador da EMEL, foram ontem deixadas à porta da sede da empresa, em Lisboa, no dia em que os fiscais cumpriram mais uma greve, a segunda deste ano, para contestar a carga horária.
"As cenouras é para mostrar que não nos vendemos e para responder a uma ofensa que nos foi feita", explicou ao JN Ana Pires, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).
Segundo a sindicalista, pouco antes das eleições e no final de uma acção interna sobre o incentivo à produtividade, surgiu um boneco que simbolizava o trabalhador e que corria atrás de uma cenoura pendurada numa cana de pesca. "Os trabalhadores ficaram muito ofendidos e hoje [ontem] cada um levou uma cenoura para devolver à empresa", avançou.
Os trabalhadores da EMEL (Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa) estiveram ainda concentrados em frente aos Paços do Concelho depois uma passeata que juntou cerca de uma centena de funcionários, maioritariamente fiscais.
O aumento da carga horária semanal em cerca de 7,5 horas é um motivos que levou ao protesto e está a "emperrar" o acordo de empresa, em negociação desde 2005. Os trabalhadores operacionais não querem fazer mais do que 30 horas e reivindicam a redução de 37 para 35 horas semanais a afecta aos administrativos. Dizem os trabalhadores que se trata de uma "flexibilização selvagem dos horários de trabalho", acusando a empresa de ter uma política de "busca desenfreada pelo lucro". A EMEL contrapõe dizendo que a carga máxima de 30 horas não tem "paralelo em qualquer outra empresa ou sector de actividade".
Segundo Ana Pires, a greve contou com uma adesão "acima dos 90%" junto dos operacionais e foi "quase nula" entre os administrativos. A empresa contraria estes números, alegando que foi de pouco mais do que 27%. "Deviam estar a trabalhar 217 trabalhadores e destes só 60 fizeram greve", argumentou fonte da EMEL, considerando a paralisação "inoportuna" e "inaceitável".
"Exigimos os direitos preto no branco" ou "Direitos conquistados não podem ser roubados" foram algumas das palavras de ordem que se ouviram durante a concentração dos trabalhadores.
A informação chegada à "manif" a dar conta de que havia funcionários transferidos para os parques a substituir grevistas foi acolhida com um enorme "bruaá" e assobios. "É uma brutal violação da lei da greve. Já apresentámos queixa à Autoridade para as Condições de Trabalho", disse Ana Pires ao microfone.
"Não tenho conhecimento dessa situação, nem de qualquer queixa", responde fonte da EMEL confrontada com a compensação de funcionários em greve denunciada pelo CESP.
J.N. - 26.11.09
Sem comentários:
Enviar um comentário