Os comissários que terminam em Outubro o mandato de cinco anos irão receber cada, em média, mais de um milhão de euros em pensões e subsídios de «transição» e «reinserção», revela um estudo do grupo britânico independente Open Europe.
Quando abandonam o executivo comunitário, os comissários auferem o chamada «subsídio de transição», equivalente a 65 por cento do salário durante um período de três anos. Trata-se alegadamente de uma ajuda à reintegração profissional dos comissários, embora não conste que nenhum deles tenha ficado desempregado após sair de Bruxelas.
Assim, Durão Barroso, caso seja forçado a abandonar o seu posto de presidente da Comissão, para além do equivalente a um mês de salário extra, irá auferir ao longo de três anos um total de 439 609,50 euros, mesmo que entretanto encontre um emprego bem remunerado à semelhança de muitos antigos comissários.
Por exemplo, Martin Bangeman, antigo responsável europeu pela pasta das telecomunicações, após abandonar a Comissão, foi recebido nos quadros da Telefonica, o gigante espanhol do sector. O italiano Mario Monti, ex-comissário da concorrência, encontrou de imediato ocupação no banco de investimento Goldman Sachs. Um outro seu colega, o britânico Leon Brittan, igualmente responsável pela concorrência, foi chamado para o banco suíço UBS Investement Bank. E mesmo o antigo comissário do Comércio, Peter Mandelson, saiu da Comissão direitinho para o governo britânico.
Mas para além do «para-quedas dourado», os comissários têm assegurada uma velhice desafogada graças às generosas pensões europeias que lhes serão pagas pelos contribuintes. No caso de Barroso, segundo os cálculos do Open Europe, auferirá pelos cinco anos que presidiu à Comissão, uma pensão anual de 62 644,35 euros até ao fim dos seus dias.
De resto, de acordo com a mesma fonte, só em pensões de reforma a actual Comissão Europeia custará aos contribuintes qualquer coisa como 36 milhões de euros, pressupondo-se uma esperança média de vida de 16,7 anos após atingir a idade da reforma.
Salários a condizer
A tudo isto há que juntar os não menos fabulosos salários dos comissários que representam uma despesa total de perto de 41 milhões de euros neste mandato. Se incluirmos as pensões e restantes subsídios, a equipa de 27 comissários tem um custo total superior a 79 milhões de euros.
Um «simples» comissário ganha cerca de 240 mil euros por ano, recebendo mais quase 36 mil euros em subsídio de habitação e mais sete mil euros em subsídio de representação. Ao todo, a remuneração por cinco anos de mandato eleva-se a 1 410 204,25 euros.
Barroso, na sua qualidade de presidente, recebe bastante mais, ou seja, 293 073 euros de salário anual, a que se somam mais 43 960 euros de subsídio de habitação e ainda 17 mil euros de subsídio de representação. Ao todo, no final deste mandato, Barroso terá recebido 1 770 254, 75 euros. Nada mau por cinco anos de trabalho.
Como comparação, o Open Europe (openeurope.org.uk) assinala que o salário anual de Barroso é superior ao do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que aufere 400 mil dólares por ano.
Avante - 03.09.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
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