Iniciaram ontem o 'lay-off' os últimos 100 trabalhadores, dos 834 a que a empresa decidiu suspender contratos por seis meses. Restam na fábrica de Vila do Conde 200 para assegurar a operacionalidade. Quase 600 foram despedidos e perdem esta semana o vínculo.
A Qimonda de Vila do Conde está, desde ontem, reduzida às duas centenas de trabalhadores que asseguram os serviços mínimos e a operacionalidade da fábrica. A última centena dos 834 funcionários a que a administração decidiu aplicar a suspensão de contratos por seis meses foram para casa. Os cerca de 600 que a empresa optou por despedir, deixam, até ao fim desta semana, de ter, formalmente, qualquer vínculo à empresa.
Entretanto, a administração da Qimonda já entregou no Tribunal de Gaia, onde vai decorrer na próxima terça-feira a assembleia de credores, o plano de recuperação da unidade de Vila do Conde, no qual prevê a manutenção de cerca de mil postos de trabalho.
O plano, adiantou ontem o negócios.online, prevê dois cenários possíveis: a venda da Qimonda, ou a sua manutenção como entidade independente, sendo que, neste caso, faria uma transição gradual do lay-off para uma situação de operacionalidade, através de um novo nome e imagem de marca. E a administração liderada por Armando Tavares avança mesmo com um prazo para a medição do sucesso, ao admitir atingir resultados operacionais positivos no exercício de 2011/ /2012 (o ano fiscal da Qimonda é de 1 de Outubro a 30 de Setembro) referentes a um volume de negócios da ordem dos 146 milhões de euros.
Ontem, o primeiro--ministro, José Sócrates, e o presidente da AICEP, voltaram a reafirmar o seu total empenho na procura de uma solução para a empresa. Mas Basílio Horta foi um pouco mais além e, falando à margem do anúncio de um novo modelo a produzir pela PSA de Mangualde (ver pág. 32), admitiu que a produção de semicondutores é "dificilmente recuperável". Adiantou, contudo, estar em estudo um novo projecto ligado à energia solar. "Insistir na Qimonda com os actuais semicondutores é capaz de não ser o melhor caminho", defendeu Basílio Horta, acrescentando que a Qimonda entrará numa segunda fase correspondente a um novo investimento, que poderá passar pela Qimonda Solar.
Basílio Horta assegurou que, para isso, vai estar a trabalhar uma equipa na próxima quarta e quinta-feira para poder anunciar uma nova solução que integra um grupo de investidores portugueses. "Estamos a ver outras potencialidades para a Qimonda e vamos explorá-las até ao limite. O importante é abrir uma janela de esperança. Os trabalhadores sabem que estamos a trabalhar", defendeu. Ao DN, Basílio Horta confirmou a existência de negociações, mas não quis entrar em pormenores, salvaguardado a confidencialidade necessária nestes processos. "Estamos a trabalhar nisto com toda a urgência para tentar minorar os efeitos do despedimento", disse. Razão porque Basílio Horta já não irá acompanhar o ministro da Economia aos Emirados Árabes.
Já José Sócrates deixou uma palavra de "determinação, empenho e esperança" aos trabalhadores: "Não os deixaremos sozinhos", disse.
D.N. - 02.05.09
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