O número de pessoas que recorre aos balneários públicos está aumentar em Lisboa, Porto e Coimbra, estando também a alterar-se o perfil social daqueles que recorrem aos banhos e lavagens gratuitos.
No balneário de Alcântara, o maior de Lisboa, há cerca de cem utilizadores diários aos dias de semana, número que quadruplica aos fins-de-semana, muito por culpa das muitas famílias de classe média.
«Não pagam nem o sabão, nem a água, nem o aquecimento da água. Há pessoas que me dizem: 'o dinheiro está curto. Antigamente, o dinheiro chegava até ao dia 20, agora chega ao dia 10 e já não tenho'», assinalou o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, José Godinho.
Vítor, que trabalha há 11 anos neste espaço, notou que muitas pessoas que lhe perguntam sobre as condições de funcionamento deste balneário, são pessoas que nunca esperaram entrar neste espaço.
«São pessoas que já viveram mais ou menos e que agora, porque não têm dinheiro para comprar gás ou porque foram postos na rua porque não pagaram renda de casa ou porque têm água cortada, são pobres encobertos», explicou.
Este funcionário falou ainda de um utente que vem de jipe e que entra apenas no espaço para se lavar, saindo depois sem falar, e de outros que trazem a roupa num cabide.
Estes novos utilizadores do balneário de Alcântara contrastam com os habituais utentes que têm à disposição gratituitamente não só os banhos, mas também outros serviços como a roupa lavada.
No Porto, uma funcionária de um dos seis balneários da cidade também registou um aumento no número de utilizadores que numa manhã chegaram aos 106 utentes, uma tendência idêntica à de Coimbra, onde os balneários reabriram há oito meses.
«Verificámos a partir de Outubro, Novembro uma adesão. Passámos de 16 para 18, 29 e agora em Janeiro tivemos 35 utentes, sendo que no mês de Fevereiro já estamos a chegar perto dos 40», assinalou a responsável por estes balneários na cidade de Coimbra.
Susana Marçal, que diz que a maior parte dos utilizadores dos balneários da terceira cidade portuguesa são sem-abrigo, entende que a crise não tem sido responsável pelo aumento do número de utentes.
TSF - 04.03.09
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