As fábricas nacionais não conseguem produzir produtos sofisticados. É que a intensidade tecnológica da produção está a subir, mas não passa do patamar médio. Como agravante, as vendas das indústrias tradicionais perdem peso nas exportações, segundo dados de 2008 Nos primeiros 11 meses do ano passado apenas 10% das exportações industriais portuguesas envolveram produtos de alta tecnologia. Uma queda de 9,6% nas vendas - cerca de 344 milhões de euros - em relação a igual período de 2007, quando as exportações de tecnologia de ponta representavam 11% das vendas industriais ao estrangeiro. Estes são dados oficiais, indiciando que a indústria está a abandonar progressivamente a produção da baixa tecnologia, mas não consegue dar o "salto em frente".
É que os dados oficiais demonstram que o "Portugal tecnológico" - a produção de equipamento rádio, vídeo, comunicações, componentes informáticos - regressou aos patamares de 2002, quando a tecnologia de ponta significava menos de 10% das vendas industriais para o outro lado da fronteira. E isto tem um alto custo para as contas externas. No ano passado - até Novembro -, Portugal vendeu 3,42 mil milhões de euros em sofisticação, mas, ao mesmo tempo, teve de comprar ao estrangeiro 7,8 mil milhões de euros de produtos de vanguarda tecnológica.
A produção industrial portuguesa exportadora parece estar a especializar-se em conteúdos de "média intensidade tecnológica", como máquinas eléctricas, carros, componentes automóveis e produtos químicos. Este agregado (que inclui a média- -baixa e média-alta tecnologia) já representa 54,6% das exportações industriais, quando no início da década (em 2001) ocupava uma fatia de 43,9% das vendas.
Contudo, nos últimos anos, este aumento da "especialização" industrial na categoria da sofisticação média tem sido feito à custa da componente da média-baixa tecnologia, ou seja, exportação de produtos como borrachas, plásticos, metalurgia e produtos refinados, como gasolinas.
De resto, desde o princípio da década que as vendas de produtos com média-alta intensidade tecnológica mantêm o mesmo peso nas exportações: variam entre os 30,4% e os 31,2% até finais de 2008. Saliente-se que desde há três anos que não existem acréscimos tecnológicos nos livros da exportação desta componente, o que atesta as dificuldades da indústria portuguesa em ganhar saltos de qualidade tecnológica e ajuda a explicar os crónicos défices comerciais de mercadorias.
Se é verdade que Portugal não consegue dar o "grande salto" na sofisticação, também é certo que está a deixar a produção primária de lado. De 2001 a 2008 (até Novembro), o peso dos produtos industriais com baixo teor tecnológico nas exportações baixou de 44,6% para os 34,8%. Isto confirma que a venda de têxteis, pasta de papel, madeiras e produtos alimentares estão a perder peso nas estruturas das exportações industriais.
D.N. - 02.03.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
02/03/2009
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