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06/03/2009

Risco de pobreza: Portugal apresenta o 2º pior resultado na UE-25 para os agregados domésticos com 3 ou mais crianças

O risco de pobreza após as transferências sociais varia em função da composição específica dos agregados como é o caso das pessoas sós, das pessoas sós com mais de 65 anos, dos agregados familiares compostos por dois adultos e por uma ou duas crianças. Portugal é um dos países da EU-25 com maior exposição ao de risco de pobreza nestes grupos. A situação mais preocupante diz respeito aos agregados domésticos formados por dois adultos e por três ou mais crianças dependentes.

O gráfico 1 ilustra as diferentes expressões do risco de pobreza após as transferências sociais na UE-25, em 2007. Em termos médios, o valor deste indicador para este conjunto de países é de 16,0%. A Letónia é o que apresenta níveis mais elevados de risco de pobreza após transferências sociais (21%), enquanto a República Checa e a Holanda são os que têm valores mais baixos (10,0% em ambos). Em Portugal o risco de pobreza após transferências sociais é de 18,0%, dois pontos percentuais acima do valor para a UE-25.

Comparando o risco de pobreza após as transferências sociais dos indivíduos cujo agregado doméstico é singular (gráfico 2), com os valores para a população em geral (gráfico 1), conclui-se que os primeiros apresentam, em 2007, uma maior exposição ao risco de pobreza. Para os agregados domésticos compostos apenas por uma pessoa existia, na UE-25, uma taxa de risco de pobreza de 25,0%. Na Estónia, Irlanda, Chipre e Lituânia o valor desse indicador é superior a 40,0%. Na Letónia atingiu mesmo os 59,0%. A expressão desse indicador em Portugal é 8,0 pontos percentuais superior à média da UE-25, fixando-se nos 33,0%.
O risco de pobreza após transferências sociais entre a parcela das pessoas sós que têm mais de 65 anos é, na UE-25, de 25,0% – um valor 2,0 pontos percentuais superior ao risco de pobreza para as pessoas sós em geral. Na Letónia e no Chipre, 75,0 e 74,0% dos adultos com mais de 65 anos que vivem sós estão numa situação de risco de pobreza. Em Portugal, 37,0% dos adultos que vivem sós com mais de 65 anos estavam, em 2007, em risco de pobreza.

O gráfico 3 incorpora dados relativos ao risco de pobreza após transferências sociais em agregados domésticos em que existem crianças dependentes. Nos agregados domésticos em que existem dois adultos o risco de pobreza tende a agravar-se quando o número de filhos aumenta. Importa realçar o facto de Portugal ser, depois da Letónia, o país da UE-25 no qual o risco de pobreza dos agregados domésticos com três crianças dependentes é maior (43,0%).
Em termos médios, na UE-25, o risco de pobreza dos agregados domésticos com crianças dependentes aumenta quando esse agregado é composto apenas por um adulto. O valor deste indicador para o conjunto dos países da UE-25 é de 34,0%, o mesmo que em Portugal. Malta e Luxemburgo são os países da UE-27 que apresentam valores mais altos: 54,0% e 45,0%, respectivamente; a Dinamarca o que tem o valor mais baixo: 17,0%.

Nota Metodológica: A percentagem de indivíduos que se situam abaixo do limiar de pobreza (e que, portanto, podem estar em risco de pobreza) corresponde à porção daqueles que dispõem de um rendimento líquido inferior a 60,0% do rendimento nacional mediano (por adulto equivalente). Neste sentido, o indicador em causa tem como referência os rendimentos auferidos num determinado país, pelo que o valor do limiar de pobreza fixado varia de acordo com a grandeza relativa desses mesmos rendimentos em cada agregado nacional. Por transferências sociais entendem-se as transferências de rendimento do Estado para as famílias (como, por exemplo, no caso português, o Rendimento Social de Inserção), para além das pensões.

Obervatório das Desigualdades - 06.03.09

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