De acordo com um relatório da OIT que vai ser hoje apresentado em Lisboa, as perspectivas do mercado de trabalho para os jovens e para as mulheres pioraram em consequência da actual crise, dado que têm sido eles os mais afectados pelo aumento do desemprego e pela discriminação salarial.
O impacto da discriminação salarial na pobreza é também salientado no documento da OIT, que refere estudos que mostram que sempre que é eliminada a discriminação laboral com base no sexo, a percentagem de pessoas em situação de pobreza tende a diminuir cerca de 10 por cento.
"Um estudo da União Europeia mostra que, apesar das taxas de emprego muito baixas das mulheres que vivem em agregados familiares de baixos rendimentos, a eliminação da discriminação salarial das mulheres trabalhadoras reduziria substancialmente a pobreza na maior parte dos países da União Europeia", diz o relatório.
Para a OIT "há uma ligação essencial entre erradicação da pobreza, emprego e igualdade" e a crise veio aumentar a vulnerabilidade de muitos trabalhadores e trabalhadoras, nomeadamente porque muitas das medidas de estímulo para a recuperação económica foram concentradas em sectores predominantemente masculinos.
"Embora as medidas de estímulo tenham tido o mérito de evitar uma crise mais profunda e de ajudar a dinamizar a economia, a prioridade dada à resposta aos efeitos financeiros da crise fez com que os recursos nacionais nem sempre fossem distribuídos com relativa igualdade por todos os sectores do mercado de trabalho", refere o relatório.
Os grupos mais vulneráveis (jovens, mulheres e minorias étnicas) foram excluídos indirectamente deste tipo de medidas.
A titulo de exemplo a OIT refere que na Alemanha dois pacotes de recuperação das crise lançados pelo governo foram aplicados em sectores que incluíam 78 por cento de mão-de-obra masculina e 22 por cento de mão-de-obra feminina.
O relatório que vai ser apresentado em Lisboa propõe quatro áreas prioritárias para acção futura de modo a reduzir as desigualdades no trabalho, nomeadamente a ratificação e aplicação universal das convenções da OIT sobre este tema.
A partilha de conhecimentos sobre a eliminação da discriminação e o reforço de parcerias internacionais com as entidades que promovem a igualdade são outras prioridades da OIT.
Sem comentários:
Enviar um comentário