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27/05/2011

OIT diz que crise agravou desigualdades no mercado de trabalho

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que a crise económica veio causar um retrocesso no combate às desigualdades.
De acordo com um relatório da OIT que vai ser hoje apresentado em Lisboa, as perspectivas do mercado de trabalho para os jovens e para as mulheres pioraram em consequência da actual crise, dado que têm sido eles os mais afectados pelo aumento do desemprego e pela discriminação salarial.
O impacto da discriminação salarial na pobreza é também salientado no documento da OIT, que refere estudos que mostram que sempre que é eliminada a discriminação laboral com base no sexo, a percentagem de pessoas em situação de pobreza tende a diminuir cerca de 10 por cento.
"Um estudo da União Europeia mostra que, apesar das taxas de emprego muito baixas das mulheres que vivem em agregados familiares de baixos rendimentos, a eliminação da discriminação salarial das mulheres trabalhadoras reduziria substancialmente a pobreza na maior parte dos países da União Europeia", diz o relatório.
Para a OIT "há uma ligação essencial entre erradicação da pobreza, emprego e igualdade" e a crise veio aumentar a vulnerabilidade de muitos trabalhadores e trabalhadoras, nomeadamente porque muitas das medidas de estímulo para a recuperação económica foram concentradas em sectores predominantemente masculinos.
"Embora as medidas de estímulo tenham tido o mérito de evitar uma crise mais profunda e de ajudar a dinamizar a economia, a prioridade dada à resposta aos efeitos financeiros da crise fez com que os recursos nacionais nem sempre fossem distribuídos com relativa igualdade por todos os sectores do mercado de trabalho", refere o relatório.
Os grupos mais vulneráveis (jovens, mulheres e minorias étnicas) foram excluídos indirectamente deste tipo de medidas.
A titulo de exemplo a OIT refere que na Alemanha dois pacotes de recuperação das crise lançados pelo governo foram aplicados em sectores que incluíam 78 por cento de mão-de-obra masculina e 22 por cento de mão-de-obra feminina.
O relatório que vai ser apresentado em Lisboa propõe quatro áreas prioritárias para acção futura de modo a reduzir as desigualdades no trabalho, nomeadamente a ratificação e aplicação universal das convenções da OIT sobre este tema.
A partilha de conhecimentos sobre a eliminação da discriminação e o reforço de parcerias internacionais com as entidades que promovem a igualdade são outras prioridades da OIT.

http://economico.sapo.pt/noticias/oit-diz-que-crise-agravou-desigualdades-no-mercado-de-trabalho_119198.html

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