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06/02/2011

Sindicatos criticam discurso de Sócrates sobre não despedimentos no Estado

A garantia dada pelo primeiro-ministro de que não vão existir despedimentos na função pública foi recebida com criticas pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e pela Frente Comum, que não se mostram tranquilizados.

O dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, Betencourt Picanço, disse à Lusa que “não é propriamente por força de um dado discurso num determinado dia que se pode ficar descansado quanto ao futuro, antes pelo contrário”.

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou ontem que “não haverá despedimentos na função pública”, alegando que essa medida e as privatizações são a base da “agenda liberal” do PSD.

“O que é que se ouve? Sempre as mesmas duas coisas. Por um lado, a ideia de despedimentos na função pública. É esta a agenda deles. Claro, depois passam toda a semana a explicar que não é bem assim, porque temem essa impopularidade, mas é isso que está na cabeça deles, é a ideia de que deve haver despedimentos na função pública”, alegou Sócrates na Convenção da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS.

Em reacção, Bettencourt Picanço lembrou que a possibilidade de despedimento na função pública “existe na legislação” e que, além da mobilidade especial, há agora a “redução nas remunerações”.

Governo introduziu despedimento colectivo

A coordenadora da Frente Comum da Função Pública, Ana Avoila, disse por seu lado que as garantias de José Sócrates de que não haverá despedimentos na Função Pública não a deixam tranquila, dado que os “compromissos para a Função Pública ao longo destes anos não têm sido verdadeiros”.

“Tudo o que dizia que não fazia, fez. Até porque a Fenprof já denunciou isso, 30 mil professores vão ser dispensados. Posso dizer que a introdução do despedimento colectiva na Função Pública aconteceu com a nova legislação que este Governo aprovou”, lembrou Ana Avolia, em declarações à rádio TSF.

Esta sindicalista espera que este tipo de despedimento não venha a ser uma realidade no futuro, já que “há uma grande falta de pessoal na Função Pública”.

“Há serviços completamente desertos com a saída de milhares de trabalhadores para a aposentação por via da degradação e agravamento das condições nos locais de trabalho e cortes nos salários”, lembrou.

Apoios ao sector financeiro, cortes nas remunerações

“Quando vemos que o Governo se volta para os trabalhadores, nomeadamente facilitando os despedimentos e tornando-os mais baratos, nós preocupamo-nos”, afirmou ainda Betencourt Picanço sindicalista, numa referência às reuniões de concertação social.

O responsável sindical criticou que os apoios estatais sejam canalizados para o sector financeiro e que para os trabalhadores o que sobra são cortes nas remunerações e reduções nas pensões.

“Algo está errado na forma como os políticos se dirigem ao país, dizendo que não vai haver despedimentos aqui ou além, quando na prática o que estão a fazer é exactamente o contrário: a facilitar o despedimento”, observou.

Bettencourt Picanço indicou que na Administração Pública há uma “sucessão de contratações precárias, a que se seguem meses depois os despedimentos”.

“Aquilo de que estamos desejosos é de que haja opções políticas que não apostem nos trabalhadores como problema, mas como a solução para os nossos problemas”, resumiu.
 
http://economia.publico.pt/Noticia/sindicatos-criticam-discurso-de-socrates-sobre-nao-despedimentos_1478833

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