O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou hoje que mais 70 médicos vão deixar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em março, a maioria em "topo de carreira", o que põe em causa a formação médica.
"Na lista de aposentados publicada em Diário da República pela Caixa Geral de Aposentações, referente a março de 2011, detetamos a saída de mais 70 médicos do Serviço Nacional de Saúde", dos quais 42 são assistentes graduados e 24 são assistentes graduados seniores/chefes de serviço", refere o SIM em comunicado publicado no site oficial.
Segundo o sindicato, 36 eram médicos de família e 34 médicos hospitalares. "Mais, no mínimo, 54.000 utentes sem médico de família a juntar aos 1.479.000 conhecidos e mais um recuo no tempo de resposta em consultas externas hospitalares e em cirurgias", observa o SIM.
“A senhora ministra conseguiu convencer mais de 100 médicos a regressar ao SNS, mas como saíram 700 as coisas são negras. Mas o mais preocupante é que os que estão a sair são médicos do topo de carreira”, o que põe em causa a formação médica, disse à agência Lusa Carlos Arroz.
O sindicalista lembrou que, na medicina, o que é característico é que os médicos passam conhecimentos uns aos outros: "Se os serviços começam a ficar amputados de pessoas, começam a ficar amputados de técnicas e de experiência, fundamentais para a especialização médica. Isso é um desastre e um retrocesso brutal no SNS", disse.
"O serviço público está tão difícil, as condições de trabalho e a pressão feita pelos gestores, que querem produção e não qualidade, faz com que os médicos tenham muita dificuldade em permanecer no serviço público e desejam afastar-se. E isto é um erro político", acrescentou.
Segundo o Tribunal de Contas, existem 1,5 milhões de portugueses sem médico de família.
O Ministério da Saúde estimava assegurar que todos os portugueses tivessem médico de família em 2012/2013, mas a ministra da Saúde afirmou na Comissão Parlamentar de Saúde, a 25 de janeiro, que esse objetivo só será atingido em 2015.
Segundo Ana Jorge, 110 médicos reformados regressaram ao SNS através de uma medida de exceção aprovada no ano passado pelo Governo para responder às corridas antecipadas às reformas e à falta de clínicos em algumas áreas.
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