Honório Novo
Não é coisa que surpreenda ou para a qual não se tenha chamado a atenção na campanha eleitoral de 2009: Sócrates está nos antípodas da regionalização e de tudo o que seja abrir mão da férrea concentração de poder no seu fiel núcleo duro. Por isso, não espanta que esteja agora a tentar enterrar a regionalização para proteger o feroz centralismo, uma das pedras de toque da sua governação.
Em maioria absoluta, Sócrates riscou a regionalização do seu programa e adiou-a para as calendas perante a passividade dos que no PS a defendiam; em 2009, tentando conter danos eleitorais, Sócrates ainda disse que a regionalização era uma "reforma indispensável e urgente". Já estaria a pensar no pretexto a usar para justificar o recuo...
Cai assim por terra mais uma máscara a Sócrates, agora a da regionalização. Em 2013, o PS terá oito anos de Governo sem dar um único passo concreto para cumprir a Constituição, que prevê a criação de regiões. E não sei se, também neste aspecto, Cavaco Silva vai "cooperar estrategicamente" ou se vai dar alguma nota sobre o que é (mais) uma reiterada inconstitucionalidade por omissão deste Governo.
Curiosamente, a mais recente machadada na regionalização dada por Sócrates usa - em sentido oposto - os mesmos argumentos que levaram Carlos Lage e a CCdRN a organizarem debates e conferências, e a encontrarem-se com os Grupos Parlamentares, defendendo que esta reforma administrativa, em tempo de crise, seria a melhor resposta para enfrentar os desafios do desenvolvimento do país!
Parece assim haver uma traição reiterada da direcção do PS à Regionalização: em 1998, acertou com o PSD liquidar a regionalização e constitucionalizar o referendo; em 2011, Sócrates segue Guterres e vai ao congresso do Porto enterrar a regionalização.
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