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07/02/2011

CGTP não acredita em Sócrates

Primeiro-ministro disse que "não haverá despedimentos". Carvalho da Silva diz que afirmação é "falaciosa".
"A promessa vale o que vale, pois uma coisa é o que o primeiro-ministro diz, outra é o que está a acontecer", reagiu assim ao DN Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, em relação à garantia dada, sábado, por José Sócrates de que "não haverá despedimentos na função pública".
Reforçando que a "afirmação é falaciosa e cheia de contradições", o mesmo responsável sindical explica: "O que estamos a assistir na Administração Pública é a uma diminuição dos seus quadros pela passagem antecipada à reforma ou não preenchimento das vagas livres por eliminação dos vínculos precários", que resultam, segundo Carvalho da Silva, no facto de "muita gente com profissões altamente qualificadas, nomeadamente médicos, saírem para a reforma, por se sentirem maltratados".
"O primeiro-ministro e outros membros dos seu Governo há bastante tempo que têm um plano que não passa pela defesa do Estado social e do emprego público, através de medidas que atacam esse mesmo emprego público", reforça Carvalho da Silva, dando como exemplo o ministro das Finanças que tem "feito gala num discurso de diminuição dos quadros públicos".
"Há 1001 maneiras de empurrar os funcionários públicos para o desemprego, sem os despedir", reforça Carvalho da Silva, defendendo que existem outras formas "mais justas" de equilibrar as contas públicas, que passam pela "adopção de medidas que privilegiem o emprego e a dinamização da economia", ou seja, "a captação de mais recursos em que há riqueza e eliminação dos gastos que se multiplicam por tachos e ta- chinhos na máquina do Estado".
Também Bettencourt Picanço, dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, criticou a garantia dada pelo primeiro- -ministro. À Lusa, o dirigente disse que "não é propriamente por força de um dado discurso num determinado dia que se pode ficar descansado quanto ao futuro, antes pelo contrário".
O mesmo sindicalista aproveitou para lembrar que a possibilidade de despedimento na função pública "existe na legislação" e que além da mobilidade especial há agora a "redução nas remunerações". Além de que, acrescentou, há já "uma sucessão de contratações precárias a que se seguem meses depois os despedimentos".
Criticando que os apoios estatais são sempre canalizados para o sector financeiro e que para os trabalhadores sobra apenas os cortes nas remunerações e nas pensões, o mesmo sindicalista reforça a sua preocupação referindo-se à facilidade com que se poderá vir a despedir no futuro, numa referência à concertação social.
Também contra a degradação da situação dos funcionários públicos está a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, que marcou para dia 19 deste mês, em Lisboa, um encontro nacional para discutir formas de luta.
"Queremos que este seja um grande plenário de dirigentes e trabalhadores para analisar em concreto o que se passa nos vários serviços da função pública, que devido à falta de condições de trabalho estão a degradar-se cada vez mais", disse a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, acrescentando que dali deverá sair a decisão de uma outra forma de luta, que se deverá concretizar no âmbito da luta da CGTP.

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1777501&page=-1

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