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07/02/2011

Acordo histórico?

Honório Novo

O país já se habitou a descodificar os anúncios de Sócrates, já sabe que quando ele diz que não haverá despedimentos na Função Pública ou que a idade da reforma não vai subir para 67 anos, é uma coisa muito parecida que vai ser apresentada como reforma para "defender o Estado Social". Não obstante a fama de Pinóquio, Sócrates continua, porém, a usar as suas qualidades de "vendedor da banha da cobra". O estilo e a ironia fáceis são os condimentos usados para embrulhar actos de propaganda e desviar as atenções do que (por vezes) são autênticas mentiras ou mistificações.
Esta semana foi pródiga em exemplos e nem é preciso lembrar a rábula da diminuição dos deputados (embora fosse útil cortar mas só nos muitos do PS e do PSD que por lá andam a mais...).
Prefiro falar do acordo histórico (palavras de Sócrates), estabelecido sobre a governação económica da UE. Dito doutra forma, o que aconteceu foi que o directório franco-alemão disse que a idade da reforma tinha de subir, que os salários não podem voltar a aumentar tanto como a inflação, que tinham todos de mudar a Constituição para lá colocar, como a Alemanha já fez, o limite do défice orçamental. Dito de forma ainda mais simples, a Alemanha prepara-se para, sessenta anos depois de ter perdido a guerra, impor à Europa as suas concepções e passar a comandar as políticas nacionais.
Vai passar a fazer-se em Portugal só o que a Alemanha achar bem que se faça. A isto chamou Sócrates acordo histórico. Talvez acordo de capitulação, talvez...
A Direita resolve os problemas conjugando o verbo "privatizar"; mesmo nas empresas públicas, disse também Sócrates. É verdade, mas os assessores esqueceram-se de lhe lembrar que quem propõe privatizar a CP, a REFER, a EMEF, a TAP, a ANA é ele e o seu Governo!

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1777392&opiniao=Hon%F3rio%20Novo

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