Um aluno cujos pais ganhem o salário mínimo recebe só 105 euros
As novas regras de cálculo para a atribuição de bolsas vão deixar muitos estudantes sem qualquer apoio. Na Universidade Clássica de Lisboa, já se fizeram as contas às consequências destas novas regras e os resultados não são animadores. «Metade dos quatro mil bolseiros que temos actualmente vão deixar de receber este apoio», prevê o vice-reitor António Vasconcelos Tavares.
A nova fórmula de cálculo faz com que, por exemplo, um estudante cujos pais ganhem o ordenado mínimo nacional receba apenas 105 euros por mês, além do valor das propinas. «Não dá para fazer face às despesas com a educação», comenta o presidente do Conselho de Gestão dos Serviços da Acção Social, que diz estar a assistir a situações «de cada vez maior carência económica» entre os alunos.
«O problema», explica Vasconcelos Tavares, «é que as novas contas deixaram de dividir o rendimento por todos os elementos do agregado familiar». Agora, para uma família de três pessoas, «o primeiro vencimento vale um terço, mas o segundo apenas um quarto». O resultado são mais alunos excluídos e bolsas mais baixas.
Na Universidade de Lisboa, a perda de bolsa poderá tornar-se ainda mais dramática, já que todos os estudantes que em 2010 tiveram bolsa foram autorizados a ficar em residências enquanto se esperava pela publicação das novas regras de atribuição de apoios sociais. Caso estes alunos percam agora o direito ao apoio, vão ter de pagar a preços não subsidiados os meses que já estiveram na residência e devolver o dinheiro recebido. «Vamos ser compreensivos com quem não possa pagar, mas vai ser complicado para os estudantes e é mais um rombo nas contas da Universidade», diz Vasconcelos Tavares.
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