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09/03/2010

Colégio Lumen encerra com salários por pagar

O Colégio Lumen, no Porto, vai fechar no próximo dia 26, final do segundo período. Dos cerca de 40 alunos matriculados este ano lectivo, faltam transferir três para outras escolas. Os docentes reclamam salários em atraso e acusam a Direcção de mentir.

A instituição de ensino, que atravessa graves problemas financeiros, vai fechar no próximo dia 26, ao contrário do que afirmou, no final da semana passada, o director da escola. António Vítor Martins deixou claro, em declarações ao JN, que o colégio se manteria a funcionar até ao final do ano lectivo. No entanto, a decisão de encerramento já havia sido tomada numa reunião entre a direcção e os encarregados de educação no dia 25 de Fevereiro.

Nessa reunião, alguns pais propuseram pagar mais de propina e alguns docentes admitiram receber menos para que a escola se mantivesse em funcionamento até Julho, de forma a não prejudicar o aproveitamento dos alunos. "O director disse que não a tudo. Disse que ia fechar no dia 26 e nós fomos obrigados a tirar os nossos filhos da escola", refere Aurora Pinheiro, mãe de uma aluna do 11.º ano, entretanto transferida. A filha enfrenta dificuldades de adaptação e o ano está "praticamente perdido", segundo a responsável. Dos cerca de 40 alunos matriculados em 2009/2010, faltava transferir três, ao início da tarde de ontem. Foram para colégios como o Liverpool, D. Dinis, D. Duarte e Cebes, entre outros.

Ontem, ao JN, António Martins afirmou que, na reunião de 25 de Fevereiro, os pais foram informados das graves dificuldades financeiras da escola, do comunicado da DREN para encerramento no final do ano (ler caixa), da dúvida quanto à viabilidade de mais um trimestre e da impossibilidade legal de transferir alunos no último período. "Decidimos pela solução que não pusesse em causa o aproveitamento dos alunos", referiu, acrescentando que as propostas feitas por pais e professores eram insuficientes.

Entretanto, os trabalhadores da instituição, nomeadamente os professores - num total de 15, segundo a Direcção - enfrentam dificuldades perante a falta de pagamento dos salários. O director "lamenta" os atrasos e diz que a empresa não tem meios para os liquidar. Alguns docentes não recebem desde Dezembro, outros, mais antigos, contam seis vencimentos e subsídios por receber.

Filipe Amaral, professor de Matemática, tem salários em atraso, mas são as "mentiras" da Direcção e a "gestão danosa" para alunos e docentes que mais o incomodam. Iniciou um processo contra a Diteletras - Ensino e Formação, a empresa que gere a instituição, e garante que há "inúmeras" acções a correr em tribunal, de professores e credores. Há docentes que alegam ter corrigido exames para o Ministério da Educação e nunca terem recebido o respectivo pagamento "comprovadamente enviado para a escola".

Já no final do primeiro período, houve tensão no colégio. Os professores sem salários recusaram avaliar os alunos, contou Maria Graciosa Morais, directora pedagógica. Recuaram perante a promessa de um investidor que nunca se concretizou.

Descontentes estão também ex--trabalhadores do colégio. Acabaram por rescindir com a empresa depois do "desânimo" e "incumprimento" dos direitos dos trabalhadores. António Martins rejeita a existência de irregularidades.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=1514247

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