Após uma prolongada luta, os trabalhadores da Cimianto, em Alhandra, «saíram vitoriosos da luta que travaram» pela viabilização da empresa e dos postos de trabalho, explicou o delegado sindical, Luís Santos.
Após longos meses de luta, apresentando-se todos os dias ao serviço, mesmo com a produção parada, como continuam a fazer, os trabalhadores obtiveram garantias de retoma da laboração, o mais tardar até ao fim deste mês, salientou ao Avante!, o delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul, Luís Santos. Dando mérito ao gestor judicial pelo seu trabalho, considerou que «se não fosse as lutas dos trabalhadores, se tivéssemos optado por suspender os contratos, a empresa tinha fechado».
«Quando, no início de Junho do ano passado, a empresa declarou insolvência, com a produção parada desde o mês anterior, já os trabalhadores lutavam, desde Janeiro, para receberem a tempo e horas os salários, que começaram a ser pagos em tranches», recordou.
Por receber, estão os subsídios de férias e de Natal. Tem sido a venda do material armazenado a garantir, mesmo com a empresa parada, o pagamento dos salários, até agora, embora nunca de uma vez. Para o sindicato da CGTP-IN, este é mais um caso de má gestão, uma vez que há mercado e clientes para esta produtora de materiais de fibrocimento, sem amianto, instalada em Alhandra (Vila Franca de Xira) desde 1942.
O Tribunal do Comércio de Lisboa aprovou, dia 13, um plano de insolvência que permite dar-lhe continuidade. A decisão teve os votos contrários da Caixa Económica Montepio Geral e do Ministério Público, em representação da Fazenda Nacional, e a abstenção da CGD, mas os votos favoráveis dos demais credores, que representam dois terços dos votos. O sindicato repudiou o voto contrário do representante das Finanças, mandatado pelo Governo.
Ao Avante!, o trabalhador Álvaro Carmo, há 34 anos na empresa, com 54 de idade, explicou, em poucas palavras, como o administrador se «fartava de dizer que nesta empresa éramos como uma família». «Só queria que ele agora se visse ao espelho e reflectisse se é assim que se trata os familiares», concluiu.
Uma dura luta
Depois de uma primeira reacção «de pânico geral» perante a ameaça do fim da empresa, os trabalhadores empreenderam uma dura luta, com o apoio do sindicato, pelos empregos e a continuidade da empresa. A 26 de Maio de 2009, a administração solicitou a insolvência que acabou decretada, em tribunal, no início de Junho, tendo o gestor judicial ordenado a suspensão imediata da laboração.
O administrador da insolvência tentou, então, levar os trabalhadores a suspenderem os contratos, pressionados pelos salários em atraso, mas eles «continuaram a comparecer ao trabalho, todos os dias, conscientes de que essa era a única forma de impedir o fim da Cimianto», recordou Luís Santos. Apesar a pressão, de 83 trabalhadores, apenas quatro suspenderam os contratos.
Em Abril, auditores externos apresentaram um plano de viabilidade económica onde se demonstrava que o património da empresa era superior às dívidas contraídas, abrido perspectivas para a sua recuperação.
No dia 8 de Setembro, a assembleia de credores aprovou, finalmente, uma proposta que deixava a continuação da laboração dependente de um empréstimo bancário de 2,5 milhões de euros.
A «prenda de Natal»
No dia 17 de Dezembro, a assembleia de credores aprovou um plano de viabilização em que três instituições bancárias, principais credoras, garantiram aquelas verbas. O plano teve apenas o voto contrário do representante do Ministério Público, em representação das Finanças, posição que o sindicato considerou ser «um exemplo do comportamento do Governo». «Para nós, foi como uma prenda de Natal», recordou Luís Santos. Esta decisão dos credores foi, a 13 de Janeiro, ratificada pelo Tribunal do Comércio.
Segundo o delegado sindical, a empresa ficará dependente da carteira de clientes que os angariadores, espalhados pelo País, consigam obter e recuperar, havendo, a este propósito, algumas reservas, já que o plano aprovado compromete o emprego de alguns trabalhadores da área comercial e administrativa, «mas os restantes 59 empregos foram salvaguardados e a empresa também», explicou Luís Santos, garantindo o empenho sindical na continuidade da Cimianto, e na salvaguarda dos postos de trabalho.
http://www.avante.pt/noticia.asp?id=32297&area=4
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28/01/2010
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