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09/01/2010

Mais de 560 mil desempregados

Eurostat estima taxa de desemprego de 10,3% em Novembro, contra 10% na Zona Euro e nos EUA.

O desemprego continua imparável e terá atingido 564 mil pessoas em Novembro, mais 129 mil do que há um ano.

Estes números, não ajustados de sazonalidade, constam da base de dados do Eurostat, que ontem divulgou que a taxa de desemprego se situou nos 10,3% em Portugal. Um valor que está acima da média europeia e que é o mais elevado desde o início da série, que começa em 1983.

A estimativa do gabinete de estatísticas europeu tem em conta os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) - que aponta para uma taxa de desemprego de 9,8% no terceiro trimestre de 2009, - bem como os do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que ao longo do mês de Novembro registou a inscrição de mais de 61 mil novos desempregados.

A tendência é idêntica na Zona Euro, onde a a taxa de desemprego atingiu a barreira dos 10%, o valor mais elevado dos últimos onze anos. Nos EUA o desemprego também já chegou aos dois dígitos.

O Governo reagiu de forma mais cautelosa à estimativa que tem implícitos 564 mil desempregados, número superior à população dos concelhos do Porto e de Gaia juntos, e que daria para encher quase nove Estádios da Luz.

Questionado pela Lusa sobre para quando é esperada uma inversão da tendência de subida do desemprego, o secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, referiu que "ainda é cedo" para fazer uma avaliação. "Temos que esperar pela divulgação da taxa de desemprego do quarto trimestre do INE, mas também dos valores para Dezembro do número de desempregados inscritos nos centros de emprego", afirmou.

Há dois meses, o primeiro-ministro, José Sócrates, disse que espera uma redução do desemprego este ano. Mais recentemente, o presidente do IEFP, Francisco Madelino, admitiu que não deverá começar a descer antes de meados de 2010.

O cenário macro-económico do Governo ainda aposta numa taxa de desemprego de 8,8% em 2009. A concretização desta previsão implicaria a muito improvável queda da taxa de desemprego para 7,5% no último trimestre desse ano. Mas a OCDE prevê que o desemprego possa atingir 11,7% (650 mil pessoas) no final de 2010.

O Eurostat estima a existência de 89 mil desempregados com menos de 25 anos em Portugal, menos que os 92 mil de há um ano.

Valter Lemos salientou o facto da taxa de desemprego jovem se situar nos 18,8%, abaixo da média da Zona Euro (21%) ou da UE (21,4%), fenómeno que atribui às iniciativas de apoio ao emprego. Algumas das mais relevantes - como a extensão do subsídio social de desemprego ou o desconto de contribuições a pequenas empresas - caducaram no final do ano, não tendo sido renovadas. O Governo garante que serão mantidas, e que serão pagos retroactivos.

Leitura radicalmente oposta tem a CGTP, que em comunicado sublinha que um em cada cinco jovens está desempregado. A intersindical chama ainda a atenção para o facto da taxa de desemprego das mulheres (11%) estar acima da dos homens (9,7%) e da média feminina da UE (9,2%).

Há agora quase 22,9 milhões de desempregados na UE, 15,7 milhões deles só na Zona Euro. Letónia (22%) e Espanha (19,4%) são os mais severamente afectados. O país vizinho justifica um quinto dos novos desempregados da União Europeia. Mas há crises e crises: na Holanda, o desemprego está abaixo de 5%.

http://dn.sapo.pt/bolsa/emprego/interior.aspx?content_id=1465558

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