A maioria dos 180 trabalhadores da Marcopolo, em Coimbra, que parou a laboração em Setembro, cessa segunda-feira os vínculos com a empresa, podendo recorrer ao subsídio de desemprego.
A fábrica de carroçarias de autocarro, que integrava o grupo brasileiro Marcopolo, laborava em Eiras, arredores de Coimbra, tendo fechado as portas em Agosto e desmantelado depois os principais equipamentos da produção.
Os trabalhadores com menos anos de serviço cessaram os contratos em 30 de Setembro, enquanto os restantes, “que são o grosso da coluna”, só esta segunda-feira perdem o vínculo legal que têm à Marcopolo, confirmaram hoje fontes sindicais à agência Lusa.
“A Marcopolo retirou da fábrica as coisas mais importantes. Foram vendidas ou transportadas para a Turquia”, declarou Juvenal de Sousa, dirigente do Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (SINDEL), filiado na UGT.
Aludindo à possibilidade de a Marcopolo ter criado, entretanto, uma unidade idêntica na Turquia, Juvenal de Sousa adiantou que, ao nível da maquinaria, pelo menos duas pontes rolantes e uma estufa de secagem foram removidas da fábrica em Portugal.
Oficialmente, a Marcopolo foi impedida pelo Ministério do Trabalho de encerrar a unidade de Coimbra em Setembro, tendo ficado obrigada a preservar a maioria dos contratos de trabalho até 30 de Novembro.
Na prática, contudo, tal imposição legal não impediu o grupo brasileiro de prosseguir com o encerramento.
No dia 11 de Setembro, a Marcopolo esclareceu que não foi impedida pelo Governo português de fechar a fábrica, estando apenas em causa a data da cessão dos contratos de trabalho dos cerca de 180 operários.
“A fábrica foi fechada” no dia 24 de Agosto “e não será reaberta”, informou na altura aquele grupo do Brasil, através da Secco Consultoria.
A Marcopolo é um dos maiores produtores mundiais de carroçarias de autocarros e produzia em Coimbra mais de 150 destas unidades por ano.
O grupo pretendia cessar os contratos dos trabalhadores a 15 de Setembro, mas o Ministério do Trabalho considerou que o aviso prévio de despedimento colectivo teria de ser cumprido, não bastando ser pago.
“Os trabalhadores perderam os seus postos de trabalho, num sector em expansão, mas receberam da empresa tudo aquilo a que tinham direito”, disse à agência Lusa o sindicalista da CGTP António Moreira, coordenador da União dos Sindicatos de Coimbra.
A Marcopolo-Portugal, criada em 2001, marcou o início da internacionalização da empresa brasileira, uma das principais fabricantes de carroçarias para autocarros e de soluções para o transporte colectivo em todo o mundo.
O mercado português representava 35 por cento das vendas, sendo a Inglaterra o segundo cliente.
Desde Janeiro, a fábrica de Coimbra suspendeu algumas vezes a laboração, alegando decréscimo das encomendas.
Público.pt - 29.11.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário