O líder da CGTP, Carvalho da Silva, disse hoje que "as vozes do patronato que pedem a diluição no salário mensal dos subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores, não auguram nada de bom sobre a sua manutenção futura".
"Os patrões fizeram, agora, a descoberta da necessidade de se poder diluir o pagamento do subsídio de férias e de Natal no ordenado mensal, mas isto, que parece uma bondade não passa de um veneno", afirmou, pondo a hipótese de ser uma estratégia para acabar com os dois subsídios.
O dirigente sindical falava em Guimarães no final da "Caminhada pelo direito ao emprego", que a União de Sindicatos de Braga e o Movimento dos Trabalhadores Desempregados hoje realizaram entre a vila de Pevidem e Guimarães. A marcha, que percorreu sete quilómetros, contou com a presença do líder da CGTP, Carvalho da Silva, da eurodeputada do PCP Ilda Figueiredo e do coordenador da USB, Adão Mendes.
Para Carvalho da Silva, a ideia de diluir os subsídios de férias e de Natal no salário parte de patrões que começam a dizer, em face das facilidades que o actual Código de Trabalho lhes dá, de que não faz sentido pagar subsídios já que o ano tem, apenas, 12 meses e não 14. "Em vez de se aumentar os salários e de melhorar o poder de compra de quem trabalha ilude-se as pessoas com propostas de aumento mensal através da diluição dos salários, numa óptica de acabar com eles", afirmou.
Disse que o Código em preparação sobre contribuições para a Segurança Social não traz medidas concretas contra a precariedade do trabalho, afirmando que a única coisa que vai acabar por prevalecer vai ser o aumento das contribuições dos trabalhadores para o sistema. Evocou declarações recentes do primeiro-ministro José Sócrates e dos seus ministros sobre o Código de Trabalho, acusando o Governo de deixar cair uma medida que haviam anunciado na legislação para combater precariedade.
"Acabaram por adiar a diferenciação da taxa social única, em benefício das empresas com trabalho precário, deixando, poucos meses depois, cair um compromisso solene", lamentou. Disse que o Governo tem andado a propalar a entrada em vigor de novas medidas sociais, mas frisou que o importante é apoiar directamente as empresas para garantir a sua manutenção e manter o emprego.
O líder da União dos Sindicatos de Braga insistiu, com dados do Instituto de Emprego, que a taxa de desemprego atinge já os 11,5 por cento no distrito, com 50 mil desempregados, a maioria dos quais no Vale do Ave onde a taxa chega aos 15,5.
Adiantou que com os despedimentos e dispensas em curso nas grandes empresas têxteis da região - que chegam aos 100 por dia - o desemprego no Ave pode chegar aos 17 por cento: "todos os dias há reduções de postos de trabalho nas empresas", sublinhou.
Público.pt - 04.04.09
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