Os trabalhadores da Tobis cumpriram esta segunda-feira um dia de greve, manifestando-se contra a degradação da situação salarial que atravessam. A concentração foi dividida em duas fases, de manhã em frente ao Ministério da Cultura e à tarde junto ao Instituto de Cinema e do Audiovisual (ICA), ambos em Lisboa.
“O objectivo desta concentração é chamarmos a atenção do ICA, que é quem tem a maioria das acções da Tobis, para a situação dos trabalhadores, não só em relação aos salários em atraso mas também apelamos à manutenção do património cinematográfico”, disse ao CM uma trabalhadora da empresa, Susana Nunes.
A funcionária ainda realçou o desejo dos manifestantes de “que esta tutela e esta administração se responsabilize pelos trabalhadores da empresa, não deixando isso para o privado que vai inevitavelmente comprar as acções do ICA”.
Durante a manhã, cerca de 46 trabalhadores concentraram-se junto ao Ministério da Cultura, onde foram “muito bem recebidos no gabinete da ministra”, afirmou António Macedo, membro da direcção nacional do Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual, acrescentando que Gabriela Canavilhas “não esteve presente”.
Apesar da situação estar a ser resolvida, o membro sindical garante que “o Estado quer livrar-se das suas responsabilidades”.
No final da tarde de sexta-feira, Canavilhas esteve reunida com os dirigentes sindicais e os representantes dos trabalhadores nas instalações da Tobis, onde garantiu que o Ministério da Cultura “tem estado permanentemente a trabalhar” para evitar “estrangulamentos de tesouraria”.
“Está resolvido o problema dos salários até ao final de Dezembro. O Ministério das Finanças e o Ministério da Cultura já transferiram para o ICA e penso que o presidente do conselho de administração [da Tobis] já garantiu que na terça-feira todos terão os dois meses que estão em atraso”, disse a ministra à Lusa.
Caso a degradação financeira da empresa continue, Nuno Duarte, um manifestante, garante que “teremos de fazer outro plenário para tomarmos decisões entre todos, mas se a situação se prolongar talvez exista outra greve”.
Já Maria Manuela Garrido e o marido, que trabalham na empresa cinematográfica há mais de 30 anos, "vão contar com o apoio dos amigos e família".
“A situação vai para dois anos. Se já era muito difícil, agora com os salários em atraso é ainda pior. Temos que esticar porque entretanto tenho dois filhos; uma já trabalha mas o outro não”, afirmou a trabalhadora durante a concentração.
A decisão sobre a greve e a concentração foi tomada em plenário, depois dos funcionários terem sido informados pela administração a impossibilidade do pagamento dos subsídios de férias de 2010 e o salário de Outubro, bem como o dos meses seguintes.
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