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17/11/2010

33 mulheres estão em greve de fome numa mina no Chile

Escolheram um número que se tornou mágico após o resgate de 33 mineiros, querem trabalho e a mesma atenção do Governo que eles tiveram. Um grupo de 33 mulheres fecharam-se numa mina no Sul do Chile e começaram uma greve de fome.

As 33 mulheres vivem numa das zonas mais afectadas pelo sismo que, em Fevereiro, devastou uma parte do centro e sul do Chile, na região junto ao litoral, e causou mais de 500 mortos. Decidiram fechar-se no fundo de uma mina de carvão desactivada – a mina Chiflón del Diablo, a cerca de 500 quilómetros a sul de Santiago – para pedir que seja reactivado e inscrito no orçamento do Estado um programa de emprego de emergência para as áreas de construção e limpeza de destroços que nos últimos meses deu trabalho a milhares de pessoas.

“Batemos a várias portas mas ninguém nos ouviu, por isso optámos por este caminho e vamos seguir até ao fim”, garantiu uma porta-voz do grupo, Cecília Bustos, ao diário chileno “La Tercera”. O objectivo é que seja reactivado um programa de emprego coordenado pelo Corpo Militar de Trabalho que chegou ao fim a 4 de Novembro nas regiões de Maule e Bio Bio, o que deixou cerca de 8000 pessoas sem ocupação.

A mina de Chiflón del Diablo foi desactivada nos anos de 1990 e mais tarde transformada em local turístico com algumas galerias abertas aos visitantes. As 33 manifestantes estão a cerca de 500 metros de profundidade, já pediram uma reunião com o arcebispo de Concepción, Ricardo Ezzati, e com a responsável da autarquia local, Jacqueline Van Rysselberghe, e na última madrugada entraram em greve de fome.

A decisão foi tomada depois de se saber que não tinha sido assegurada no Congresso chileno a continuidade do programa de emprego para a reconstrução após o sismo, adiantou o “La Tercera”. A questão foi debatida pelo alcaide da cidade de Lota, Jorge Venegas, mas uma representante das manifestantes, Brígida Lara, adiantou que houve um debate com os senadores e estes disseram que estavam de acordo com a disponibilização de recursos, mas que tudo dependia do Governo. E adiantou: “Estamos à espera que o Governo se manifeste”.

Cá fora, no exterior da mina, há cerca de uma centena de pessoas a apoiar as manifestantes. Foi decidido que apenas 33 desceriam até ao fundo da mina para manter a analogia com os mineiros resgatados em Outubro depois de mais de dois meses soterrados e cerca de 700 metros de profundidade.
 
http://publico.pt/Sociedade/33-mulheres-estao-em-greve-de-fome-numa-mina-no-chile_1466709

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