José Manuel Rocha
A crise económica global teve um forte impacto no desemprego, é o consenso entre os organismos internacionais. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) confirmou ontem esta tese, com a divulgação do retrato laboral de 2009: 212 milhões de desempregados em todo o mundo, o que significa um aumento de cerca de 13 por cento face ao ano anterior e de mais 16 por cento em relação ao final de 2007, ano que antecedeu a eclosão da crise financeira e em que a economia avançou para um quadro de depressão generalizada.
No relatório Tendências Mundiais do Emprego, a OIT assume que a escalada do desemprego era inevitável num ano em que as economias ainda sofreram consequências significativas do abrandamento da actividade. Mas, apesar de as perspectivas para 2010 serem mais optimistas em relação à evolução das diferentes economias, a organização sustenta que o desemprego vai manter-se a níveis muito elevados, com crescimento das taxas em algumas regiões e um cenário de estabilização ou de ligeira melhoria noutras.
Entre as regiões que continuarão a ver o exército de desempregados aumentar estão os chamados países mais desenvolvidos e a União Europeia, onde se prevê a extinção de, pelo menos, mais 3 milhões de postos de trabalho.
A OIT reconhece que a situação só não conheceu contornos mais graves com a crise porque muitos estados aplicaram planos de estímulo que evitaram uma "catástrofe social". Por isso, a organização defende que os governos devem continuar a aplicar políticas em defesa do emprego, nomeadamente através de uma crescente convergência entre as políticas públicas e o investimento privado.
Recuperação com emprego
"A prioridade política é evitar uma recuperação económica sem emprego", afirmou o presidente da OIT, Juan Somavia. "Precisamos do mesmo tipo de intervenção política que salvou os bancos para criar postos de trabalho e ajudar as pessoas", defendeu.
O relatório da organização estima que a taxa de desemprego mundial ter-se-á fixado em 6,6 por cento em 2009 e poderá cair uma décima percentual em 2010. A evolução do número de desempregados varia conforme as regiões: aumentou apenas 4,4 por cento na Ásia Oriental, cresceu acima dos 8 por cento nos países desenvolvidos e da União Europeia, bem como na América Latina, e acima dos 10 por cento na Europa Central e no Norte de África.
A elevada taxa de desemprego entre os jovens (13,4 por cento) é uma das preocupações assinaladas pela Organização Internacional do Trabalho, que recorda que todos os anos entram no mercado de trabalho cerca de 45 milhões de jovens e mulheres. Outra chamada de atenção da organização diz respeito ao crescimento do chamado emprego vulnerável, que supera os 150 milhões de trabalhadores, cerca de metade do universo laboral planetário.
O ano passado ficou, também, marcado por um decréscimo de produtividade laboral por trabalhador, com a Ásia Oriental e Meridional e o Norte de África a surgirem como as excepções.
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1419930
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
27/01/2010
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