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02/12/2009

Trabalhadores da Lear formam comissão e reúnem-se amanhã com a administração

Os trabalhadores da Lear Corporation decidiram hoje formar uma comissão de representantes que, conjuntamente com a comissão sindical, vai reunir quinta-feira com a administração da empresa, para tentar travar o encerramento da fábrica.

A Lear Corporation informou na passada sexta-feira aos trabalhadores do encerramento da fábrica no início do próximo ano, mas o Sindicato dos Metalúrgicos alega que a empresa tem trabalho e que não há nenhuma razão para fechar aquela unidade fabril, que produz componentes para automóveis designadamente na área têxtil.

Segundo Esmeralda Marques, do Sindicato dos Metalúrgicos, “não foi ainda entregue nenhum processo oficialmente, nem à comissão sindical nem a outro organismo”.

“A empresa continua a trabalhar, tem tido bons resultados. Na Volkswagen, um dos clientes para os quais trabalhamos, fomos considerados dos melhores fornecedores da Autoeuropa”, acrescentou.

“Se esta situação existe não é por culpa dos trabalhadores nem por falta de qualidade do trabalho. Foi a empresa que assim o decidiu, como tantas multinacionais fazem, que é deslocalizar por razões internas e da administração”, frisou Esmeralda Marques, lembrando que a Lear “abriu novas fábricas no Leste Europeu e em Marrocos”.

Mas se o sindicato considera que não há razões para fechar a fábrica de Palmela, pelo menos alguns trabalhadoras garantem que desde há algum tempo que já se percebia que a produção era insuficiente para manter a actividade da empresa.

“Nós víamos perfeitamente que o trabalho que havia para a recuperação da empresa não era muita coisa. O trabalho que veio não era suficiente para manter a empresa a funcionar. Faltava trabalho”, disse Elvira Francisco, uma trabalhadora de baixa que fez questão de participar no plenário efectuado hoje de manhã na Lear Corporation.

“Temos três projectos novos, que são cabeceiras (dos bancos das viaturas), que nós percebíamos que não eram suficientes para manter a empresa a trabalhar”, acrescentou, reconhecendo que, nas condições actuais, “a empresa não tem pernas para seguir em frente”.

Para Elvira Francisco, a viabilidade da fábrica de Palmela depende da vinda de novos projectos, eventualmente com o apoio do Governo português. Caso contrário, são mais 200 trabalhadores que vão ficar no desemprego.

“A situação em Setúbal está como está, não há trabalho. Vai ser muito complicado, com filhos, com casas, com despesas todo o mês. São 200 trabalhadores que vão para o fundo de desemprego”, disse Elvira Francisco.
Público.pt - 02.12.09

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