À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

30/11/2009

Rectificativo fez crescer pessimismo na economia

Catarina Madeira

Segundo o Barómetro da Marktest para o Económico e TSF, a confiança está ao nível mais baixo dos últimos quatro meses.

Em Novembro confirma-se o pessimismo dos portugueses face à situação económica. O índice de expectativa, que teve o seu ponto alto no mês das eleições legislativas, continua a queda que iniciou no mês passado. Situa-se agora nos 44,22%, o valor mais baixo dos últimos quatro meses, segundo o Barómetro da Marktest para o Diário Económico e TSF.

Se, em Outubro, 36,7% dos portugueses acreditavam que a situação do país seria pior daqui a um ano, hoje essa percentagem cresceu para 41,1%. Sobre a sua situação pessoal os inquiridos são mais moderados. A maioria dos portugueses está convencida que, no próximo ano, a situação económica do seu agregado familiar não será melhor nem pior, mas igual à que vivem hoje.

Basta um retrato económico do mês de Novembro para perceber porque motivo os portugueses estão mais pessimistas. Nas últimas semanas, o Governo apresentou um Orçamento Rectificativo, argumentando que a receita fiscal diminuiu 13,2%; a estimativa do défice aproximou-se dos 8%, dando razão aos valores já avançados pela União Europeia; o desemprego subiu para 9,8% no terceiro trimestre do ano. A somar a tudo isto, o Executivo reconheceu que será preciso controlar as contas públicas, levando as famílias a equacionar um de dois cenários difíceis: o aumento de impostos (que o primeiro-ministro se apressou a rejeitar) ou a redução da despesa que pode levar a restrições nos apoios às empresas e às famílias. A rematar, os portugueses sabem que apenas podem esperar um aumento moderado dos salários, entre 1% e 1,5%.

"As pessoas não ouvem notícias positivas", constata o presidente do ISEG, João Duque, para quem a "ténue resposta à crise" não é suficiente para que os portugueses abandonem o ciclo de pessimismo. Para João Duque, este é o momento em que "a saída da crise internacional está a deixar que Portugal entre na sua própria crise". Uma situação que se agrava à medida que a dívida do país se acentua, defende. "O crescimento do PIB é uma boa notícia mas, à velocidade que a dívida cresce, acaba por não representar nada", continua o presidente do ISEG.

O pessimismo distribui-se por todo o país, mas é na região Norte Interior que é mais significativo. Um indicador que, para João Duque, se pode justificar pela proximidade a Espanha. "As empresas fronteiriças deixam de exportar, os portugueses não conseguem encontrar emprego do outro lado da fronteira e os espanhóis não vêm fazer compras deste lado".

Económico - 30.11.09

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails