Ana Rita Faria
A Comissão Europeia quase duplicou as suas previsões de crescimento para a União Europeia e a zona euro, mas, pelo menos para Portugal, esta revisão em alta apenas deverá servir para acentuar ainda mais a divergência entre o ritmo de recuperação da economia nacional e das outras economias europeias.
Enquanto a zona euro e a UE estão a ser puxadas pelo crescimento forte da Alemanha, Portugal sofre com a contracção da economia no seu principal parceiro comercial - a Espanha - e enfrenta os estilhaços deixados pela crise da dívida pública. Paralelamente, aguarda para ver o impacto que o plano de austeridade posto em marcha pelo Governo terá no consumo privado e na confiança.
A previsão oficial do Governo aponta para que a economia portuguesa cresça 0,7 por cento este ano, mas o executivo de José Sócrates tem vindo a escudar-se nos números já divulgados para subir a fasquia e antecipar um crescimento acima desse valor. Já o Banco de Portugal acredita que Portugal tem condições para fechar o ano a crescer 0,9 por cento.
A previsão da Comissão Europeia é a mais contida, apontando para um crescimento de 0,5 por cento, e, por enquanto, não foi revista em alta, já que ontem apenas foram divulgadas as estimativas relativas às sete maiores economias europeias. Embora ainda seja preciso ver como corre a segunda metade do ano, dificilmente a economia nacional se aproximará do crescimento acelerado de 1,7 por cento previsto para a zona euro e de 1,8 para a UE.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, no segundo trimestre, a economia portuguesa já perdeu o fôlego do início do ano. Entre Janeiro e Março, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresceu 1,1 por cento em cadeia e 1,8 por cento em termos homólogos. O cenário alterou-se no segundo trimestre, com o PIB a crescer apenas 0,3 por cento face ao trimestre anterior e 1,5 por cento face ao mesmo período do ano passado. No prazo de meio ano, Portugal deixou de ter o crescimento mais forte em cadeia da Europa para voltar a ter uma das piores performances. Para a segunda metade de 2010, as perspectivas não são animadoras.
O consumo privado, que ajudou a suportar o crescimento do PIB no início do ano, deverá ressentir-se com a austeridade e as subidas de impostos. A pesar sobre a economia está também a situação da economia espanhola, que, segundo as previsões feitas ontem pela CE, deverá recuar 0,3 por cento este ano.
http://economia.publico.pt/Noticia/europa-acelera-mas-portugal-devera-ficar-para-tras_1455707
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
14/09/2010
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