Raquel Martins
A recessão económica mundial atirou para o desemprego mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, o que terá elevados custos sociais e condicionará o desenvolvimento das economias mais avançadas.
O alerta consta de um documento conjunto elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), ontem apresentado em Oslo.
Durante uma conferência para analisar a evolução do mercado de trabalho nos últimos três anos e as melhores políticas para responder à recessão, as duas organizações avisam que, dada a timidez da retoma económica, os Governos devem manter as medidas de apoio lançadas nos últimos anos.
"Esta crise não é como as outras. As regras do jogo mudaram", alertou o director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, acrescentando que "esta prova de fogo" não se resolve "com as velhas receitas". E avisou: é preciso mais do que "uma retoma robusta", é preciso é que a retoma crie emprego.
O documento que serviu de base à discussão de ontem traça um retrato negro do mercado de trabalho em todo o mundo. Há 210 milhões de desempregado em todo o mundo, o aumento registado nos últimos três anos afectou sobretudo os jovens e o desemprego de longa duração é já um problema grave. Tudo isto terá custos enormes: "Os desempregados sofrerão uma perda permanente nos seus rendimentos, uma redução da esperança média de vida e os resultados académicos e salariais dos seus filhos também serão afectados negativamente".
"Se não se adoptarem as políticas adequadas para fazer frente a esta tragédia, o custo económico e social será tremendo, porque estamos a falar de uma geração perdida", lembrou o responsável do FMI.
Além de defenderem a manutenção dos planos anticrise, pelo menos até ao final deste ano, as duas instituições defendem que as economias avançadas não devem aumentar impostos antes de 2011, para não "minarem a retoma económica", continuar a apostar nas políticas monetárias e começar a retirar os apoios extraordinários aos desempregados a partir do próximo ano.
Portugal no top 10
O mercado de trabalho português está entre os mais afectados pela crise. A taxa de desemprego, que no final de 2007 era de 8 por cento, chegou aos 10,6 por cento no segundo trimestre de 2010.
Contudo, Portugal está entre os países que tiveram que recuar nos apoios extraordinários dados aos desempregados e às empresas. Devido à pressão dos mercados internacionais e dada a necessidade de reduzir o défice das contas públicas, o Governo acabou com o prolongamento do subsídio social de desemprego e reforçou as exigências para se ter acesso aos apoios sociais.
Portugal aparece em oitavo lugar numa análise feita a 28 países desenvolvidos. No topo da tabela figuram a Espanha, a Irlanda e os Estados Unidos, cujas taxas de desemprego registaram variações entre os cinco e os dez pontos percentuais. Já na Alemanha a taxa de desemprego caiu e na Noruega sofreu apenas um ligeiro aumento.
O FMI e a OIT frisam que estas diferenças se devem à natureza da crise que, em Espanha e nos Estados Unidos, afectou fortemente o sector imobiliário e outros sectores-chave da economia. Por outro lado, alertam as organizações internacionais, a existência de um mercado de trabalho fortemente marcado pela precariedade também fez com que alguns países, nomeadamente a Espanha, tivessem sido particularmente afectados pelo desemprego.
http://economia.publico.pt/Noticia/crise-lancou-para-o-desemprego-mais-de-30-milhoes-de-pessoas_1455709
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
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