A situação dos trabalhadores do quadro privado da Casa do Douro chegou a um ponto insustentável. 51 pessoas não recebem salário há sete meses e também têm em atraso o subsídio de férias. Por isso, iniciam hoje, segunda-feira, uma greve de uma semana.
O problema não é novo. Desenhou-se à medida que a Casa do Douro foi perdendo competências para o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). Privada de funções que garantiam receitas, foi deixando de pagar atempadamente a cerca de 80 trabalhadores do quadro privado. Desde 2008, nunca houve menos do que três ou quatro salários em atraso. Cenário nada fácil de admitir quando, sob o mesmo tecto, convivem com cerca de 40 funcionários públicos, com vínculo ao Ministério da Agricultura, e, como tal, com salários em dia.
De grito em grito de desespero, de alerta em alerta, houve quem não aguentasse a pressão de uma vida com despesas mensais incontornáveis, como casa, carro, educação dos filhos, entre outras. Foram 13 os funcionários que rescindiram contrato com justa causa. O JN sabe que alguns avançaram com processos nos tribunais para poderem ver garantidos os direitos e regalias conquistados em muitos anos de trabalho. Há ainda 16 pessoas a quem não restou alternativa senão recorrer a uma prerrogativa prevista na lei do trabalho, que permite suspender o contrato e receber um subsídio de desemprego por salários em atraso.
"Pelo menos recebem algum", comentou, ao JN, Isabel Mamede, uma entre os 51 funcionários que ainda se mantêm em funções… sem receber. "Por amor à camisola". Entende que, neste momento, "a direcção da Casa do Douro já pouco pode fazer", sobretudo porque o processo de negociações com o Governo não ata nem desata. "Querem-nos levar tudo para o IVDP e deixar-nos sem nada e com dívidas", disse.
Esta trabalhadora salienta que "pior que não receber é ninguém ligar nenhuma aos trabalhadores". E lembra que há famílias com muitas dificuldades. "Há pessoas que não têm dinheiro para pagar os livros dos filhos. Este mês é muito complicado para todos!"
Entre os trabalhadores que hoje iniciam a greve, há alguns do quadro público. É o caso de José Maria Pereira. "É por solidariedade para os colegas do quadro privado. Quem é que consegue viver com oito vencimentos em atraso?"
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1661262
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