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30/04/2009

Não há «crise»

Os trabalhadores e as suas estruturas representativas contestam o argumento da crise, usado para reduzir o valor dos salários, mas desmentido nos aumentos dos administradores.

A proposta «final» da PT Comunicações, apresentada sexta-feira aos sindicatos, não repõe o poder de compra e remete para os trabalhadores as despesas assumidas na resposta à OPA da Sonae, os avultados prejuízos dos fundos de pensões em 2008, acrescentando mais sacrifícios «por conta da crise», acusa o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Audiovisual.
A PTC deixa sem qualquer actualização os salários de 4179 trabalhadores, cujo valor supera três salário mínimos, e apenas prevê mais um por cento, para os restantes 3158 (salários inferiores a 1350,00 euros). A todos (excepto os 315 que superam o vencimento-base máximo da tabela, de 2966,00 euros), a administração «oferece» uma «compensação» de 250,00 euros.
Para o STT/CGTP-IN, a empresa investe, assim, um milhão 755 mil e 500 euros, no ano de 2009, para obter «dividendos na ordem dos milhões de euros anuais» nos anos seguintes. A «compensação», afirma o sindicato, «é o que a PTC “dá” aos trabalhadores quando consegue um resultado final da revisão do AE que lhe é altamente favorável». No ano passado, houve 0,02 por cento de aumento, a partir de Novembro, para «compensar» um insuficiente aumento salarial. Em 2007, pagou 300,00 euros pela supressão dos automatismos no plano de carreiras.
O sindicato acusa ainda a administração de ter remetido o desfecho da revisão salarial para depois de pagar o «prémio de desempenho», em que ficaram prejudicados ou excluídos trabalhadores que obtiveram avaliação superior à do ano transacto. Admite o STT que o valor da «compensação» tenha sido «subtraído» do prémio de desempenho.
A propósito deste prémio, a Comissão de Trabalhadores apontou exemplos de injustiças e defendeu que a sua atribuição «é para camuflar a distribuição de prémios milionários pelos administradores, gestores de topo e afins». A CT defendeu mesmo que os administradores executivos da holding e de todas as empresas do grupo não deviam receber o prémio relativo a 2008.
No parecer sobre o balanço social de 2008 da a EMEF, a Comissão de Trabalhadores destaca o contraste entre o crescimento das despesas com a administração (mais 53,4 por cento), enquanto os custos salariais cresceram apenas 11 por cento (havendo mais 81 trabalhadores, dos quais apenas um foi contratado como efectivo).
A Galp Energia, revelaram os sindicatos dos Metalúrgicos do Sul e de Lisboa, não quer aplicar o prémio anual aos trabalhadores das áreas de serviço e pretende ainda negar-lhes a actualização dos salários. Os sindicatos salientam que estes são os trabalhadores com salários mais baixos no grupo e contestam a argumentação de que a Galpgeste teve resultados negativos, já que a Galp Energia é a accionista principal (com enormes lucros e pagando salários milionários aos administradores), a dona do produto e proprietária das áreas de serviço e também quem define os preços e as margens de comerciliazação.
Avante - 30.04.09

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