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21/10/2010

Denúncia e luta na Inteplástico, Cariano e Petrogal: Resistir à repressão

Aos atentados de patrões e capatazes, que violam direitos e leis, os trabalhadores e os sindicatos respondem com coragem, determinação e solidariedade.
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Mais de cem dirigentes sindicais e trabalhadores concentraram-se no dia 12, terça-feira, junto aos portões da Inteplástico, na zona industrial da Marinha Grande, em protesto contra o despedimento de Nuno Rei. Este delegado sindical - como noticiámos há duas semanas - foi alvo de despedimento, depois de ter feito greve no dia 29 de Setembro, para estar na manifestação nacional da CGTP-IN. Esta acção foi realizada pela Fiequimetal, que nesse dia reuniu a sua direcção na cidade do vidro, dos moldes e das lutas operárias.
O delegado do Sindicato das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA, filiado naquela federação e que resultou da fusão de sindicatos da metalurgia, química, farmacêutica, energia e indústrias eléctricas) já tinha sido alvo de processos disciplinares, especialmente depois de assumir a ligação ao sindicato - como este denunciou desde Julho.
A célula do PCP na Inteplástico, no seu boletim de Outubro, expressou solidariedade para com Nuno Rei e reiterou as denúncias de ameaça e chantagem sobre trabalhadores sindicalizados, por parte da direcção da empresa. Apontou ainda a imposição de uma «reunião-flash» antes do horário de trabalho, o «banco de horas», a retirada do turno e a exigência de volumes de produção incompatíveis com a qualidade das peças como «ataques inaceitáveis» aos trabalhadores, salientando que estes «de forma corajosa, enfrentam as ameaças e ofensas».
O arquivamento dos processos disciplinares, com intenção de despedimento, que a Petrogal (Grupo Galp Energia) levantou contra três trabalhadores, foi exigido pela Direcção Nacional da Fiequimetal. Na reunião de dia 12, aprovou uma resolução em que repudia a atitude da administração da petrolífera e do grupo, integrada ainda na reacção à greve que em Abril paralisou as refinarias do Porto e de Sines. Exige também que sejam repostos os dias de salário indevidamente descontados a trabalhadores que então paralisaram - um procedimento inédito que já foi condenado pela ACT mas que a administração ainda não corrigiu.
Na Cariano, estão por pagar salários de vários meses e também reembolsos de despesas de deslocação custeadas pelo trabalhadores, revelou o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal. Especialista em serviços de elevação e transportes, a Cariano tem sede em Leiria e delegações em Lisboa, no Porto e em Espanha, e os seus trabalhadores lutam também pela viabilidade da própria empresa. O STRUP/CGTP-IN afirma que a administração «recusa qualquer diálogo» e «furtou-se» a receber delegados da Autoridade para as Condições do Trabalho, que se deslocaram à sede no dia 15, sexta-feira.
O sindicato condenou esta «prática de se subsidiar nos seus trabalhadores» e acusou mesmo a administração de praticar discriminação, nos pagamentos ocasionais que vai fazendo, e de deixar sem tarefas aqueles que já não podem continuar a suportar os custos das despesas de deslocação indispensáveis à actividade da empresa. Sem tarefas estão cinco trabalhadores, no Porto, e mais cinco, em Leiria, numa situação que o STRUP classifica como lock-out.

http://www.avante.pt/pt/1925/trabalhadores/110996/

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