Andreia Félix Coelho
A Plataforma das Artes, da qual fazem parte os mais relevantes nomes de realizadores portugueses, afirma que os cortes orçamentais no cinema estão a pôr em risco inúmeros projectos que avançaram com o conhecimento e estímulo do Governo.
Depois de em Julho deste ano o Ministério da Cultura e o primeiro-ministro terem reunido com a Plataforma das Artes, ficou decidida a anulação do corte de 10% nos pagamentos feitos pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), assim como a reposição das verbas capturadas nos pagamentos que foram entretanto efectuados. Os representantes da sétima arte congratularam-se com esta decisão, mas vêm agora acusar o Governo de lhes ter mentido.
Diz a Plataforma das Artes que «nenhum decreto-lei foi entretanto aprovado» para corrigir a situação anterior, o que «poderá obrigar o ICA a ter que aplicar essa redução de 10%». Também a «descativação parcial das receitas próprias do ICA não ocorreu».
Face a este cenário, o ICA ficará à beira da bancarrota e poderá deixar de cumprir os compromissos com o sector no último trimestre de 2010. Inúmeros projectos que estão já na sua recta final poderão assim ficar por concluir.
A Plataforma das Artes garante que o Governo aconselhou que estes projectos fossem iniciados e acusa agora a tutela de faltar à verdade: «Tudo isto teria sido menos cruel se no tempo próprio nos tivessem dito a verdade, em lugar de insistentemente nos darem a ilusão de que tudo se haveria de resolver e, para cúmulo, convocar a imprensa para isso anunciarem».
Os representantes do cinema assistiram também com «estupefacção» ao anúncio do Ministério das Finanças do aumento de 20% do orçamento do ICA para 2011. «É grosseira, cínica e mentirosa essa notícia, quando precisamente 20% das receitas próprias do ICA inscritas no seu orçamento de 2010 estão cativas nos cofres do Tesouro», lê-se no comunicado da Plataforma.
Da Plataforma das Artes fazem parte realizadores como Manoel de Oliveira, Pedro Costa, João Canijo e João Botelho, entre outros, e várias produtoras.
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