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08/09/2010

Vila Nova de Gaia - Atendimento na Segurança Social obriga a madrugar

As instalações da Segurança Social de Vila Nova de Gaia estão a "rebentar pelas costuras". Há pessoas que vão para a porta do edifício às 6.30 horas para conseguirem um lugar entre os primeiros e outras que "perdem" dois dias para entregar uma "simples licença".

foto JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS
Atendimento na  Segurança Social obriga a madrugar
Instalações da Segurança Social de Vila Nova de Gaia estão sempre lotadas

O dia junto ao edifício da Segurança Social, na Avenida da República, em Gaia, começa bem cedo. Antes do sol raiar. Madrugar para guardar vez é tarefa imperiosa para quem tenta ser atendido com alguma celeridade no balcão de Gaia. Se é que isso é possível.

Maria Manuela Santos, 44 anos, foi uma das que, ontem de manhã, preferiu sair de casa mais cedo para ver se se “despachava” na Segurança Social, instalações que habitualmente estão a “abarrotar pelas costuras”.

“Cheguei por volta das 8 horas (uma hora mais cedo que a abertura de portas) e a fila já fazia um ‘L’ até ao centro de emprego. Deviam de estar umas 50 pessoas à minha frente”, disse, ao JN, Maria Manuela, com a filha, pequena, pela mão, enquanto esperava por “um apoio judicial”.

Cerca de 40 minutos depois da Segurança Social ter aberto, o caos estava instalado no espaço, no rés-do-chão de uma série de apartamentos, virado para um pátio interior, que serve de sala de espera, a céu aberto, onde o público fica sujeito às condições do tempo.

Ontem, estava a chover e os cobertos dos prédios foram poucos para abrigar tanta gente. A par disso, as instalações da Segurança Social de Gaia são fundas, mas estreitas e rapidamente ficam lotadas. Há gente sentada por todo o lado. Gente de pé, à espera de vez. Gente que pede informações na recepção e que se cruza com outras pessoas que tentam esticar o braço para conseguir tirar uma senha. Um entra e sai constante.

É tanta a falta de espaço que houve necessidade de afixar um aviso que diz que no atendimento só é possível uma pessoa, ou seja, “acompanhante só em situação justificada”.

Às 9.40 horas era chamada a pessoa com a senha número 35. José Silva, acabado de chegar, era já o número 183.

Na opinião de Maria Manuela Santos, que esperou uma hora a ser atendida, a confusão instala-se por o balcão da Segurança Social ter um “atendimento geral”. “Se fosse cada área num posto de atendimento seria tudo mais agilizado”, acrescentou.

Carina Baptista, 29 anos, “só queria mudar a morada”. Tinha pela frente uma espera de “duas horas e pouco”. E, porque a fila até estava “a andar mais ou menos”. Carina confessou que já aconteceu ter “perdido dois dias” na Segurança Social. Ontem, ouviu dizer que “houve pessoas que chegaram às 6.30 horas para marcar lugar na fila de espera”.

“É o cúmulo da vergonha”, relatou Maria Yaldiz, 35 anos, que descreveu que o marido “já veio para a porta da Segurança Social às sete da manhã para ter vez”.

“Está tanta gente no desemprego. Deviam pôr mais pessoas a trabalharem neste balcão”, ouviu-se um desabafo no corredor.

Já José Diamantino, 53 anos, pensou ir à Loja do Cidadão, no Porto. Mas preferiu “ficar perto de casa” e dirigir-se até à Avenida da República, em Gaia, para “obter uma simples licença”. Era o número 117, a fila estava ainda no 39.

Em 2008, a Câmara de Gaia anunciou a abertura de uma Loja do Cidadão, no Arrábida Shopping, dali a um ano. Na altura, o vice-presidente da Câmara, Marco António Costa, explicou que “apresentou mais de dez edifícios para localizar estes serviços”, mas o Governo tinha optado pelo centro comercial. Desde essa altura, a loja tem apenas um anúncio de futuras instalações e não se sabe quando abrirá.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Vila%20Nova%20de%20Gaia&Option=Interior&content_id=1657403

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