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02/09/2010

Das empresas e serviços para as ruas CGTP-IN intensifica a luta

O movimento sindical unitário vai intensificar a acção reivindicativa, a partir dos locais de trabalho, e a jornada de 29 de Setembro «vai criar uma forte dinâmica e vai ter uma grande dimensão», afirma Arménio Carlos.

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«Decidimos intensificar a dinâmica reivindicativa, pela melhoria dos salários e em defesa do emprego, articulando as propostas de acção nos locais de trabalho com a contratação colectiva sectorial, em conjugação com as propostas da CGTP-IN a nível mais geral», explicou ao Avante! aquele membro da Comissão Executiva da central.

Num breve depoimento, após a primeira reunião deste organismo no regresso de férias, o dirigente, responsável pelas áreas da acção reivindicativa, da contratação colectiva e da política de emprego, entre outras, acentuou o objectivo de conseguir «uma forte intervenção nos locais de trabalho, aprofundando a concretização de um plano integrado» que assenta na acção reivindicativa e no reforço da organização sindical.

Mesmo nos meses de Julho e Agosto, as lutas de trabalhadores não estiveram propriamente «em férias». Arménio Carlos, que integra igualmente o Comité Central do PCP, assinalou movimentações de trabalhadores para exigirem o pagamento de salários e a defesa do emprego e de direitos.

Nos próximos tempos, a intervenção da Intersindical Nacional para estimular a acção reivindicativa dos trabalhadores tem em conta três grandes preocupações:

- os problemas do emprego e da qualidade do emprego, a exigência de uma política económica que promova o emprego com direitos e combata o desemprego e a precariedade;

- a exigência do aumento dos salários, considerado pela Inter como um imperativo nacional, para mais justiça na distribuição da riqueza, e por ser um factor de dinamização do mercado interno;

- e o reforço indispensável da protecção social, sobretudo às trabalhadoras e aos trabalhadores que estão desempregados.

Ponto alto a 29

A jornada de 29 de Setembro «vai ser um momento alto da luta dos trabalhadores». Requer «o envolvimento dos activistas na preparação das acções de carácter reivindicativo nos locais de trabalho do sector público e do sector privado».

Como foi anunciado, no Porto e em Lisboa terão lugar grandes concentrações. Já está decidido que, para Lisboa, vão confluir trabalhadores de Leiria e todos os distritos a Sul deste, com encontro marcado para o Marquês de Pombal, às 15 horas, seguindo depois para a Assembleia da República. Trabalhadores de Coimbra e distritos mais a Norte dirigem-se ao Porto, onde para a mesma hora estão marcadas duas pré-concentrações - na Praça dos Leões, para o distrito do Porto, e na Praça da Batalha, para os restantes distritos - que se juntam em desfile até à Praça General Humberto Delgado.

O Conselho Nacional da CGTP-IN reúne-se no dia seguinte.

A 1 de Outubro, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, realiza-se uma grande assembleia de activistas sindicais, que deverá contar com cerca de dois mil participantes. «Vai-se assinalar o 40.º aniversário da CGTP-IN, já que foi nesta data que em 1970 foi enviada a carta a convocar a primeira reunião da Comissão Intersindical», e «vai também ser analisada a situação dos trabalhadores e do País, bem como as medidas a tomar para que haja respostas às reivindicações e aos problemas colocados».

Arménio Carlos frisa que a jornada de 29 de Setembro «vai criar uma forte dinâmica e vai ter uma grande dimensão, quer pelos seus objectivos – a luta contra o desemprego e as injustiças sociais, a reivindicação de emprego e melhores salários, a defesa dos serviços públicos -, quer por surgir a partir da base, com a realização de muitas acções, com greves e paralisações, que permitam aos trabalhadores assumirem as suas reivindicações e confrontarem o patronato e o Governo com a exigência de resposta positiva».

O sucesso de dia 29 «poderá e deverá servir de factor de mobilização para outras lutas que iremos ter que travar». Arménio Carlos admite que apenas «a partir do momento em que for apresentado o Orçamento do Estado para 2011 serão conhecidas com pormenor as propostas que o Governo irá avançar». «Mas hoje já sabemos que, a pretexto do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o que vem aí é mais do mesmo: um ataque generalizado aos trabalhadores, sem excepção, que vai começar mais uma vez pela Administração Pública, mas rapidamente chega ao sector privado», que «vai agravar as desigualdades» e que «desta vez, tem componentes ainda mais alargadas, como os desempregados ou os idosos e pensionistas, o que exige um esforço para dar corpo ao descontentamento e à indignação».

Assim sendo, «o momento alto que vamos viver dia 29 faz parte de um processo que vai ter continuidade» e «a luta não deixará de ser intensificada». O dirigente reafirma o que já em várias ocasiões a CGTP-IN declarou: «todas as lutas estão em cima da mesa e todas são possíveis de realizar, de acordo com a análise que fizermos em cada momento e a conclusão que retirarmos relativamente à luta que se vá seguir».

Acção internacional no dia 7

A CGTP-IN vai integrar-se na «dia internacional de acção» que a Federação Sindical Mundial convocou para 7 de Setembro, afirmando que «não pagaremos a crise deles» e reclamando uma alternativa a favor dos trabalhadores. Na próxima terça-feira, adiantou Arménio Carlos, vai ser distribuído em todo o País um documento da CGTP-IN e vai ser realizada uma iniciativa pública, onde será divulgada a posição da central sobre «uma iniciativa da FSM que se interliga com os objectivos gerais e se articula com a sensibilização e a mobilização para a jornada nacional de 29 de Setembro».

Recordou, a propósito, que esta última está inserida numa jornada europeia, convocada pela CES, e por isso coincidirá com acções de trabalhadores noutros países da União Europeia, «acções diversificadas que apresentam como denominador comum a luta contra esta Europa que está a ser construída numa perspectiva neoliberal, para forçar ainda mais o desequilíbrio da relação de forças, a favor do capital, e para exigir uma resposta objectiva às reivindicações dos trabalhadores no plano do emprego, dos salários, dos direitos, dos serviços públicos – resposta essa que não é compatível com as medidas já anunciadas».

http://www.avante.pt/pt/1918/trabalhadores/110323/

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