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15/03/2010

República/100 anos: Militares de Abril confessam "mágoa" face a esquecimento de revolução nas comemorações

Os protagonistas do 25 de Abril de 1974 sentem-se marginalizados nas comemorações do centenário da República, confessando "alguma mágoa" face ao esquecimento do que consideram ser a "segunda República" fundada com a revolução de há 36 anos.

"Olho com alguma mágoa o facto de, quem concebeu as comemorações do centenário da República, ter dado pouco ênfase à ligação ao 25 de Abril, isto é, à segunda República", disse o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, em declarações à agência Lusa.

Esclarecendo que já transmitiu a insatisfação dos militares de Abril aos "responsáveis maiores" das comemorações dos 100 anos da República, que este ano se comemoram, Vasco Lourenço defendeu que comemorar o centenário do regime "sem lhe dar uma componente muito forte de comemorar o 25 de Abril" é "extraordinariamente difícil".

"É como tentar fazer o pino na corda bamba", ironizou.

E argumenta: "Tivemos a primeira República, que durou 16 anos, até 1926. Depois tivemos o interregno da ditadura militar e do Estado Novo, que durou 48 anos. E a segunda República começou com o 25 de Abril de 1974. E a segunda República já tem mais do que o dobro da idade que teve a primeira República".

"Quando se fala em comemorar os 100 anos de República é comemorar o 05 de Outubro [de 1910] ? Se for isso tudo bem. Agora, se é comemorar os 100 anos de República, não é apenas comemorar o nascimento da República. E, nesse caso, quem concebeu as comemorações fê-lo de forma errada", advogou.

Para Vasco Lourenço, a conceção das comemorações "não foi a mais feliz" desde o início - "Não fomos ouvidos, não sabemos, não nos disseram nada", exclamou.

"Houve uma comissão que foi constituída antes desta comissão executiva para conceber as comemorações do centenário da República que teve uma pecha terrível: não tinha lá um militar de Abril representado, a Associação 25 de Abril não esteve lá representada", deplorou.

O antigo capitão de Abril admitiu que a marginalização dos protagonistas de 1974 se deva à circunstância de os acontecimentos de há 36 anos estarem "ainda muito próximos", de "estarem vivos", ou de "os homens do 25 de Abril estarem na sua maioria vivos".

Paralelamente, os 100 anos da República vão ser um dos temas centrais da comemoração do 36º aniversário do 25 de Abril de 1974 - "consideramos que os valores do 25 de Abril foram repescar em grande medida os verdadeiros e principais valores da República", justificou.

Nas comemorações será feita "uma homenagem à mulher portuguesa", "sendo a República uma figura feminina", adiantou Vasco Lourenço.

http://www.destak.pt/artigo/56988

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