Durante um plenário realizado hoje, o porta-voz dos antigos trabalhadores, António Minhoto, mostrou-se convicto de que sexta feira significará “um marco histórico” numa luta que leva já oito anos.
“Dia 19 esperamos que aconteça uma grande homenagem aos trabalhadores da ENU, com a aprovação dos projectos de lei que vão ser discutidos. Eles merecem-na, bem como as viúvas dos que já morreram e os trabalhadores que sofrem de doenças”, afirmou.
Os antigos trabalhadores pretendem que mesmo aqueles que não tinham vínculo à ENU na data da sua dissolução sejam abrangidos por um decreto-lei que os equipare a trabalhadores de fundo de mina, dando benefícios na idade da reforma, e que sejam pagas indemnizações aos familiares dos que morreram de doenças relacionadas com a exposição à radioactividade.
No final do plenário, António Minhoto disse à Agência Lusa que, atendendo aos contactos que tem havido com os partidos que apresentaram os projectos de lei - PCP, BE, Verdes, PSD e CDS - e com a “coerência” que estes têm demonstrado, “tudo indica que vão ser homenageados os trabalhadores na AR com a votação expressa dos projetos de lei”.
António Minhoto espera que as diferenças entre os projectos de lei possam ser resolvidas posteriormente com a discussão na especialidade, uma questão que pretende abordar em reuniões que terá segunda feira com os partidos.
“Os projectos de lei, como é natural, não são iguais”, contou, explicando haver “algumas divergências” no que respeita às indemnizações aos familiares dos trabalhadores que morreram, que os projetos de lei do CDS e do PSD não contemplam.
Segundo António Minhoto terão morrido cerca de 140 trabalhadores cujas famílias deveriam ser indemnizadas, um número que teme que venha a aumentar.
No que respeita àqueles que passariam a ser abrangidos pelo decreto-lei que daria benefícios na idade da reforma serão cerca de cem.
“Em termos orçamentais isso não representa nada”, frisou António Minhoto, lembrando que, mesmo que representasse, “há reservas ainda em urânio para vender que ultrapassa e que paga todos esses benefícios”.
Os trabalhadores deslocam-se sexta feira a Lisboa em dois autocarros, com partida prevista para cerca das 05:00.
“Vamos tentar encher as galerias o máximo possível. Desta vez não queremos que fiquem lá fora, queremos que fiquem todos dentro da Assembleia da República”, disse António Minhoto aos trabalhadores que estavam no plenário, avançando que vai propor aos deputados que seja feito “um minuto de silêncio por os que já partiram”.
O PS já chumbou no Parlamento, por duas vezes, os projectos de lei dos partidos da oposição sobre estas matérias. No entanto, a perda da maioria absoluta dos socialistas deixou renovadas esperanças aos partidos, que voltaram a apresentá-los nesta legislatura.
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