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22/03/2010

Crise leva milhares a deixar de pagar condomínio

Os casos têm vindo a aumentar desde 2008. Multiplicam-se os processos judiciais.

Largos milhares de pessoas estão a deixar de pagar as mensalidades de condomínio das suas habitações e apontam o dedo à crise económica. O problema agravou-se desde há ano e meio e continua a aumentar o número de proprietários em falta. Para os obrigar a pagar essas dívidas, multiplicam-se os processos (ver texto abaixo) nas vias judiciais e as penhoras de salários e pensões, automóveis e outros bens, envolvendo até a própria habitação.

A Associação dos Inquilinos Lisbonenses, que também presta serviços de administração de condomínios, confirma ao DN que "tem estado a aumentar o número de pessoas que têm deixado de pagar o condomínio mensal. Alguns proprietários dizem que, devido à actual crise económica, falta-lhes dinheiro para pagar o condomínio".

Manuel Soares, gerente da empresa MSPS - Administração de Condomínios, em Agualva-Cacém, concelho de Sintra, salienta que, "normalmente, quando as pessoas têm problemas financeiros, a primeira coisa em que cortam é no pagamento do condomínio". "Em 2008 e 2009 foi muito mau. A situação piorou muito", referiu, especificando que "em 2009 houve um acréscimo de 40 a 50% de valores em dívidas por falta de pagamento de condomínio". O problema "aumentou em 2009 e este ano está a aumentar ainda mais", sublinhou.

"A nossa empresa funciona com cerca de oito mil condóminos. E há milhares de casos. Mais de dois mil condóminos já estão em tribunal, a última fase de uma série de tentativas para as pessoas liquidarem essas dívidas", disse Manuel Soares.

Na sua opinião, "a zona da linha de Sintra é a pior em termos de pagamento de condomínio". "Até já deixei de administrar determinadas zonas do concelho porque algumas estão em situação mesmo muito má e só dão problemas e prejuízo", salientou. Segundo explicou, "há muitas urbanizações novas que foram adquiridas por casais jovens, mas as relações não aguentaram e acabaram por se separar. Ficam os dois em situações financeiras complicadas, aumentam as despesas e as dívidas. Como não se entendem nas partilhas da casa, do carro e de outros bens, vão acumulando dívidas e deixam de pagar o condomínio".

Fonte de outra empresa, na área da Amadora, também confirmou que "desde há um ano e meio, quase dois, está a aumentar o número de pessoas que deixam de pagar". "Até aqueles que pagavam certinho, com mais regularidade, já começaram a atrasar-se. Quando isso acontece, quase nunca voltam a ficar em dia", contou a mesma fonte. Quantificando, diz que "são muitos casos. Centenas. Temos quase cem prédios e, em média, um ou dois por cada edifício não paga". Considera que "o problema é geral, mas acontece com menos frequência nas classes sociais mais altas".

Numa empresa de gestão e administração de condomínios em Corroios, na Margem Sul, a situação também se "agravou desde há um ano. São centenas de casos de condomínios em atraso". "Os maiores atrasos acontecem principalmente na Margem Sul", salienta fonte daquela empresa.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1524964

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