O aviso já vinha sendo feito por muitos economistas: a retoma iniciada pela economia mundial a partir de meados do ano passado poderia não ser sustentável a prazo, perdendo força assim que os estímulos oferecidos pelo Estado desaparecessem e que o desemprego afectasse a confiança das famílias. Os indicadores ontem divulgados, tanto no total da zona euro como em Portugal, parecem confirmar esta previsão mais pessimista.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o indicador de clima económico em Portugal registou, no trimestre terminado em Fevereiro, uma descida de -0,7 para -0,8 por cento, acentuando uma quebra que se verifica desde Dezembro do ano passado. Este indicador agrega as expectativas das empresas dos vários sectores de actividade. De igual modo, a confiança dos consumidores passou, no mesmo período, de -32,1 para -36,7 pontos. A tendência de queda, já se verifica, neste caso, desde Novembro.
Acentua-se assim a ideia de que a retoma da economia portuguesa, que levou a taxas de crescimento positivas do PIB em cadeia no segundo e terceiro trimestres do ano passado, pode estar agora a perder força. No quarto trimestre, calculou recentemente o INE, já se verificou uma estagnação da actividade - especialmente na construção - e, por agora, com a diminuição das expectativas, tanto do lado dos empresários como do lado dos consumidores, os primeiros meses de 2010 prometem ser ainda menos favoráveis.
Este cenário não é exclusivo de Portugal. Também ontem, a Comissão Europeia apresentou os mesmos dados para todo o continente. Na zona euro, os dados surpreenderam pela negativa.
A maior parte dos analistas esta à espera de uma ligeira subida do indicador de sentimento económico (que agrega as expectativas de empresas e consumidores) em Fevereiro, mas a verdade é que acabou por se registar uma pequena quebra, de 96 para 95,9 pontos.
Fica assim claro que, depois de o PIB da zona euro ter crescido apenas 0,1 por cento durante os últimos três meses de 2009, a economia continua a revelar dificuldades em manter uma trajectória ascendente.
Isto acontece numa altura em que o euro está sob a ameaça de uma crise orçamental grave em alguns dos países mais periféricos, em que diversos governos começam a retirar os seus programas de estímulo económico e iniciam cortes no défice e em que o Banco Central Europeu retira as medidas extraordinárias de apoio à liquidez que tinha introduzido no auge da crise. Por isso, a questão coloca-se: será que, se a economia voltar a recuar, as autoridades europeias têm de repensar as suas estratégias?
Um problema que se coloca de maneira muito forte em Portugal. O indicador de sentimento económico português foi dos que mais caiu, passando de 92,6 para 91 pontos.
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1424531
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