O número médio de desempregados de 2009 é o mais elevado das últimas três décadas, e a tendência do desemprego é para crescer, segundo os dados oficiais.
A CGTP-IN, no próprio dia 17, reagiu aos números do Instituto Nacional de Estatística, reafirmando que «a preocupante situação social e económica exige uma política que dê prioridade à vertente social, promovendo o emprego com direitos e combatendo a precariedade, assegurando a protecção social a todos os desempregados e garantindo o aumento real dos salários, enquanto elemento determinante para a dinamização da economia e como factor de justiça social». «Os dados hoje divulgados pelo INE, relativos à evolução do desemprego em Portugal, demonstram o rumo errado e anti-social das políticas que vêm sendo implementadas», declarou a central.
No País, «é hora de o Governo implementar políticas que tenham em conta o bem-estar da generalidade da população e não os interesses dos grupos económicos e financeiros que, mesmo em tempo de crise, continuam a acumular lucros colossais». Já em termos regionais, a CGTP-IN destacou o agravamento do desemprego no Norte (11 por cento), no Alentejo (10,5 por cento) e no Algarve (10,3 por cento), com taxas superiores à média nacional, «o que exige, da parte do Governo, a adopção de medidas específicas e urgentes».
Números que falam
Para o ano de 2009, o INE regista um número médio de 528 600 desempregados, realçando a Intersindical que este «é o mais elevado das três últimas décadas». A este propósito, a central refere mais dois dados:
- segundo o IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional, que disponibilizou no mesmo dia os registos mensais), o desemprego continua com tendência para aumentar, pois os 560 312 inscritos nos Centros de Emprego, em Janeiro de 2010, representam mais 25,1 por cento do que o valor de Janeiro de 2009 e mais 6,8 por cento, em relação a Dezembro de 2009.
- o número de desempregados está «bem acima» dos 563 300 que constam nos mapas do INE, relativos ao quarto trimestre de 2009; nesses mapas, há mais de 73 mil trabalhadores que estatisticamente não foram considerados, apesar da sua vontade para trabalhar (inactivos disponíveis), e mais de 67 mil empregados, com horários reduzidos e que pretendem trabalhar mais horas (subemprego visível); assim, no final de 2009, o número real de desempregados era de quase 704 mil trabalhadores, o que se traduz numa taxa de desemprego de 12,44 por cento.
Fazendo aqueles cálculos para a evolução anual, a CGTP-IN conclui que o número real de desempregados, em 2009, foi de 665 100, enquanto a taxa de desemprego foi de 11,76 por cento.
«Outro dado relevante, hoje tornado público, prende-se com a crescente precarização das relações laborais», visível na diminuição, em 112 mil, dos trabalhadores por conta de outrem com vínculo permanente. Confirma-se, assim, «a continuação da destruição do emprego com vínculo estável, ao mesmo tempo que a precariedade continua a ser o principal motivo de inscrição de novos desempregados nos centros do IEFP (36 por cento das inscrições em Janeiro de 2010)».
Há cada vez mais trabalhadores que sofrem o desemprego sem protecção social. Durante o ano de 2009, afirma a Inter, «mais de metade dos desempregados não recebia quaisquer prestações sociais e só 33,71 por cento tinham subsídio de desemprego».
Na evolução do emprego nos sectores de actividade, a central realça «a destruição de mais de 100 mil postos de trabalho no sector secundário durante o ano de 2009, com perto de 50 mil empregos destruídos na indústria transformadora». No sector terciário, perderam-se «mais de 50 mil empregos».
Na análise do aumento do desemprego e do peso de profissões, enquadradas nos sectores de actividade, a CGTP constata que o sector terciário é aquele onde se concentra o maior número de desempregados (57,7 por cento dos inscritos nos Centros de Emprego), com mais de 65 mil desempregados «trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio» (mais 18,9 por cento do que em Janeiro de 2009) e mais de 63 mil desempregados com a profissão de «pessoal dos serviços de protecção e segurança» (mais 24,3 por cento do que em Janeiro de 2009), seguindo-se o sector secundário (38 por cento) com mais de 50 mil desempregados «trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústrias transformadoras» (mais 22,2 por cento do que em Janeiro de 2009).
http://www.avante.pt/noticia.asp?id=32648&area=4
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25/02/2010
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