O secretário-geral do PCP considerou hoje que o Programa do Governo é como vinho azedo em casco novo, contestando o corte no subsídio de Natal e ausência de medidas para os Estaleiros de Viana do Castelo.
Jerónimo de Sousa falava no primeiro dia de debate do Programa do XIX Governo Constitucional, numa intervenção em que voltou a defender a renegociação da dívida externa como alternativa ao empréstimo contraído no âmbito do acordo como a troika internacional.
"Se o Governo é novo, se a legislatura é outra, a verdade é que a política que se apresenta é como vinho velho azedo em casco novo. É a velha política de direita com 35 anos quem em sucessivos governos se posicionou ao serviço dos grandes grupos económicos", sustentou o líder dos comunistas.
Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa frisou que a medida anunciada pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de criar um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal "não estava em sítio nenhum" do Programa do Governo.
"Este programa não é legítimo, não está nem sairá em qualquer circunstância legitimado deste debate", disse, antes de criticar o atual executivo PSD/CDS de ainda não terem tomado qualquer medida face à situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo -- empresa que considerou "estratégica nos planos regional e nacional".
Em termos de propostas políticas, o secretário-geral do PCP advogou "a manutenção e recuperação de alavancas fundamentais da economia e do serviço às populações e a rejeição de uma política de privatizações que entrega a riqueza nacional e controlo da economia a grupos económicos nacionais e cada vez mais estrangeiros".
Além das privatizações, o secretário-geral do PCP fez duras críticas à perspetiva de política social do atual executivo.
"Querem transformar direitos próprios de cada português - à saúde, à educação, ao apoio social -- por uma política de caridade pública e privada de estigmatização da pobreza e dos mais desfavorecidos e uma certa recuperação do instituto da sopa do sidónio", disse.
Apesar de o PCP não avançar já com qualquer moção de rejeição ao Programa do XIX Governo Constitucional, Jerónimo de Sousa prometeu oposição cerrada.
"Cada uma das medidas terá de ser submetida ao escrutínio político e popular. Terá em muitos casos de ser sujeita a votação ou apreciação na Assembleia da República. O debate deste Programa do Governo nada tem por isso de definitivo em relação ao seu conteúdo", já que "não aprova nenhuma das suas medidas", observou o secretário-geral do PCP.
Lusa
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