À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

28/06/2011

Interesses

João Paulo Guerra

Não foi por muito fechar escolas, maternidades e urgências hospitalares que o Governo passado, na esteira de governos anteriores, cumpriu o défice.
Como não foi por desmantelar a agricultura e as pescas que governos pretéritos salvaram a economia. Também não foi por desmantelar transportes marítimos e ferroviários que governos de políticos agora arvorados em salvadores da Pátria sanearam as finanças. Como não foi por fechar serviços públicos e despedir funcionários que os poderes políticos resolveram o magno problema do Estado, mantendo a máquina mas a funcionar ainda menos e pior. Como não foi pelas travagens no consumo e no desmoronamento do mercado interno que todos os governos, todos sem excepção, solucionaram os problemas do endividamento.
E entretanto, neste período de terra de ninguém que é a passagem de testemunho entre dois governos, que se vislumbra no País? Ontem foi possível observar fenómenos como a paralisação dos tribunais de trabalho, no auge de uma crise que tanto vai requerer à justiça laboral. E também foi possível conhecer estudos para o encerramento de mais 800 quilómetros de via-férrea em Portugal. É por estas e outras que cada vez mais portugueses descrêem do País e admitem que Portugal não tem remédio: por esta persistência nos erros. Fechar vias-férreas significou e significa o quê? Isolar e desertificar mais ainda o interior? Importar mais automóveis? Importar mais combustível? Envenenar mais o ambiente? Será que algum destes desideratos contribui de algum modo para a sanidade das contas públicas, para a redução drástica do endividamento e a promoção da poupança?
Ou será apenas que cada uma destas decisões, que se tomaram e que não se corrigem, serve apenas os interesses das mesmas clientelas?

http://economico.sapo.pt/noticias/interesses_121483.html

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