À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

04/04/2011

Consenso contra o passado!

Honório Novo

Está na moda o apelo ao consenso nacional, à união de esforços, e até de todos os partidos, para salvar o país do abismo... O apelo tem ar de emergência emocional, convocando todos - belmiros, carrapatosos, mexias, coelhos, varas, bavas ou salgados, e também sindicatos, trabalhadores, jovens precários, reformados, desempregados - para a defesa do país... No meio deste clamor haverá pessoas bem-intencionadas e genuinamente interessadas numa plataforma contra práticas políticas de anos que, sob a capa de falsas alternativas, conduziram o país à situação actual.
É claro que é preciso romper com anos de desprezo político pelo país que provocaram a quase destruição das pescas, de potencialidades agrícolas e de capacidades industriais, e uma crescente injustiça na distribuição da riqueza produzida; é preciso romper com uma integração europeia feita de fundos mal aproveitados ou canalizados para clientelas, a par da paulatina destruição de quem produzia muito do que agora se importa; é preciso romper com anos de submissão que nos empurraram para uma situação estrutural deficitária; é também claro que é preciso romper com anos de centralismo e desprezo pela coesão interna do país. As políticas com que é necessário romper, têm nome, são políticas de direita, mesmo quando, como nos últimos seis anos, foram executadas pelo PS.
Alguns dos que apelam a este consenso nacional falam de romper com o passado. Deveriam, então, dizer claramente que políticas é que nos fizeram aqui chegar, que responsáveis e partidos andaram anos e anos a prometer o céu e a dar o inferno.
Feito o diagnóstico, mais fácil será então saber o que não se deve repetir e qual o sentido das políticas que nos podem retirar da recessão e fazer crescer como povo e como país.

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1822102&opiniao=Hon%F3rio%20Novo

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