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08/12/2010

Uma vergonha: Portugal é dos países que mais travam aumento das pensões

A reforma da Segurança Social, o envelhecimento da população, a estagnação económica e o desemprego elevado fazem de Portugal um campeão internacional nas poupanças com pensões, comparando com outros países que também já reestruturaram as regras da Previdência.
De acordo com um estudo publicado pelo FMI, a despesa com reformas deverá crescer apenas o equivalente a 0,7% do produto interno bruto (PIB) nos próximos 20 anos, o segundo valor mais baixo num grupo de 13 economias desenvolvidas que, actualmente, têm em curso planos de austeridade de grande dimensão. A este facto não será alheio, para além da pressão demográfica, o crescimento pobre da economia nos últimos dez anos e as perspectivas frágeis relativamente aos próximos cinco anos, pelo menos, que tendem a deprimir a evolução dos salários. Para além disso, o fenómeno do desemprego jovem, que actualmente está em níveis recorde, afectando mais de 20% da população activa com menos de 25 anos, também prejudica as carreiras contributivas destas pessoas, uma vez que, à luz das novas regras aprovadas em 2006, o cálculo da reforma reflecte todo o histórico salarial do trabalhador (desde que começou a descontar) e não apenas os melhores dez salários dos últimos 15 anos, como acontecia antes da reforma. A Comissão Europeia estima que os ordenados nacionais do sector privado fiquem praticamente estagnados até 2012, inclusive.
O artigo tece elogios à estratégia de consolidação orçamental conduzida pelo Governo e até contraria alguns recados recentes do BCE, que pediu ao Governo de Lisboa que concretizasse bem todas as medidas de consolidação.
Os economistas do FMI consideram que Portugal foi dos países que explicou de forma mais detalhada e calendarizada o que pretende fazer no horizonte da consolidação, que durará até 2013.
Mas a consolidação terá um preço para o nível de vida de quem trabalha e para os futuros pensionistas. Vários especialistas em Segurança Social, como Pedro Corte Real ou Carlos Pereira da Silva, concordam que o acordo firmado em 2006 peca por ser demasiado optimista quanto à evolução da economia e do desemprego.
A reforma da Previdência foi desenhada para dar frutos e sustentabilidade ao sistema, assumindo um crescimento regular da economia em redor dos 2% ao ano até 2030 e uma taxa de desemprego média a tender para os 6,2% da população activa. Não é o que está a acontecer. A economia está estagnada há dez anos, arriscará nova recessão no ano que vem e o desemprego continuará acima dos dois dígitos (próxima dos 11%) até 2015, inclusive. Sem crescimento de nota e com a pressão do aumento da esperança média de vida, o valor das pensões tenderá a cair. Os empregados do privado que optem por ser reformar com 65 anos (a idade legal) no próximo ano vão sofrer um corte médio de 3,14% no valor da pensão. Caso a queiram receber por inteiro terão de trabalhar mais quatro a dez meses para além do limite de idade.
Esta penalização está a aumentar mais que o previsto; as pessoas têm de trabalhar mais tempo do que o prometido em 2006 para evitar os cortes na reforma.
Em Portugal, existem 1 892 710 pensionistas a receber reforma de velhice, cerca de 696 111 pessoas com pensões de sobrevivência e 291 654 reformados por invalidez.

http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1729814

Economistas elogiama austeridade portuguesae dizem que gastos em pensões serão dos que menos vão crescer. Crise explica.

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