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08/12/2010

Salário mole em carteira dura tanto bate até que fura

Em metade dos municípios da Beira Interior o salário médio é inferior a 700 euros. Em apenas três se superam os 800 euros mensais. Dos 25 municípios dos distritos de Castelo Branco e Guarda, 16 têm menos de dez mil habitantes e três destes já têm menos de... Quatro mil pessoas a residir no território. Um retrato cru
NA HORA de deitar as contas à vida da região, a interioridade entra na equação do deve e do haver. Quando se enumeram os pecados da dita interioridade, expressão que encerra inúmeros parâmetros, quase todos eles a rotular imensas complexidades sociais e económicas, vêm recorrentemente à tona os graves problemas demográficos, por serem os mais visíveis e, porventura, os mais sentidos e discutidos em praça pública, facto que, mais uma vez, ficou demonstrado nas páginas deste jornal na edição passada.
Mas este estigma da interioridade acarreta outras nuances que não são de descartar na análise do todo que é a região da Beira Interior. Para além da proclamada camada de desigualdades entre os grandes centros urbanos do litoral e o interior, também há um outro desfile que ocorre nesta geografia. Dentro da nossa dita interioridade há outras interioridades e disparidades. E é aqui que entra o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem. Comparar o ganho médio de um trabalhador em Lisboa, Porto, Leiria, Faro ou Aveiro com um da Guarda, Castelo Branco, Covilhã ou Fundão não trará surpresa se constatarmos que a vantagem salarial está do lado do litoral. Mas olhando para dentro da região há também disparidades entre os municípios mais emancipados economicamente e outros, esses sim, demograficamente combalidos, com dificuldades de crescimento e de afirmação económica, confrontados com uma permanente fuga de quadros.
É na Beira Interior Sul que o ganho médio mensal de um trabalhador por conta de outrem é mais elevado. Aqui, Vila Velha de Ródão apresenta um salário médio de 1.184,5 euros (o mais alto da Beira Interior) um número que pode surpreender à primeira vista, mas que é explicado pela decisiva presença da mono-indústria ligada à transformação da pasta de papel, que garante fatia de leão do emprego e, naturalmente, desta média apurada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nos dados publicados esta semana no Anuário Estatístico Regional. Com uma economia pouco diversificada, este concelho, de resto, apresenta o segundo valor nacional mais elevado a nível da dependência das quatro maiores empresas do concelho na dinâmica da sua economia (82 por cento).
É em Castelo Branco que está a segunda melhor média da Beira Interior, com os trabalhadores a levarem para casa, no final do mês, um ganho médio de 811,8 euros.
Para além destas dois casos, o único município da região que tem um salário médio acima dos 800 euros é o da Guarda. Aqui, o valor fixa-se nos 801,4 euros. A restante região está abaixo desta fasquia e aqui surge em primeiro o concelho da Covilhã, com uma média salarial de 780,3 euros. Trancoso assoma, logo depois, com uma média de 746,7 euros, seguindo-se Seia com 745 euros, Sertã com 732,8 euros e só depois o Fundão, com 729,4 euros de ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem. 

http://www.jornaldofundao.pt/noticia.asp?idEdicao=105&id=6958&idSeccao=981&Action=noticia

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