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07/12/2010

Desigualdade de rendimento entre crianças em Portugal é dos mais elevados nos países da OCDE

Apenas a Grécia apresenta para este indicador um valor mais elevado. No campo da saúde infantil, Portugal é o 3º país da OCDE com níveis de desigualdade mais reduzidos.

A UNICEF publicou o estudo “The Children Left Behind”, no qual são apresentados dados relativos às desigualdades de bem-estar entre crianças em 24 países da OCDE. Três são as áreas de desigualdade de bem-estar infantil analisadas: o bem-estar material, na educação e na saúde – cada um dos quais é medido através de três indicadores específicos.
Portugal apresenta níveis de desigualdade do bem-estar material das crianças acima dos valores médios para os restantes países em análise. Entre os três indicadores que suportam esta medida, aquele em que Portugal apresenta um resultado mais preocupante é o da desigualdade de rendimento entre as crianças. De facto, o rendimento disponível dos 10% de crianças mais pobres é em Portugal 56,2% menor do que o rendimento infantil mediano. Apenas a Grécia apresenta um nível de desigualdade mais pronunciado do que Portugal: 56,6%. Para este indicador, a média dos 24 países da OCDE analisados é de 46,9%. No que concerne aos outros dois indicadores que compõem esta medida de bem-estar material (a desigualdade infantil dos recursos educativos e do espaço residencial) os resultados de Portugal situam-se relativamente próximos dos valores médios apurados.
No que concerne ao bem-estar na educação, os níveis de desigualdade de Portugal situam-se numa posição intermédia no contexto dos países analisados. A partir da informação recolhida no Programme of International Student Assessment (PISA), analisou-se a diferença dos resultados alcançados na área da leitura, matemática e ciências pelos 10% de estudantes (15 anos) que obtiveram piores classificações face ao resultado mediano apurado. Nessas três áreas, os níveis de desigualdade apurados foram, respectivamente, de 29,2%, 25,5% e 24,9%. A desigualdade na área da literacia científica é, portanto, a que assume uma expressão menor em Portugal, colocando-o entre os 10 países mais igualitários no que a este indicador diz respeito.
O resultado mais favorável para Portugal refere-se porém às medidas de desigualdade infantil no campo da saúde. Em termos gerais, o país apresenta o terceiro melhor resultado para esta dimensão de análise, atrás da Holanda e Noruega. Dos três indicadores usados para medir esta dimensão, há informação disponível para Portugal apenas para dois deles. No que toca à desigualdade respeitante às queixas de saúde auto-reportadas, apenas a Holanda e a Áustria são mais igualitárias. Ao nível da desigualdade de alimentação saudável, o país encontra-se entre os 10 mais bem classificados (para estes dois indicadores o nível de desigualdade é medido através da diferença entre a média dos resultados que se situam abaixo da mediana e a mediana).
Estados Unidos, Itália e Grécia são os países que apresentam para estas três dimensões níveis de desigualdade infantil mais pronunciados, enquanto a Dinamarca, a Finlândia, a Holanda e a Suíça alcançam os resultados mais favoráveis.

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