Honório Novo
Disse há dias Cavaco Silva que "há palavras a mais na política portuguesa"! Foi desta forma veemente que o inquilino de Belém comentou o debate orçamental e as pressões dos banqueiros e dos (chamados) "mercados" para aprovar o Orçamento de 2011. Quem tanto repetiu essa ideia é, afinal, o primeiro a não seguir o dito. Em vez de ficar calado, Cavaco Silva não se coibiu de comentar as compensações salariais nos Açores, apesar de estar fora do País e de reconhecer não dispor de toda a informação. Para quem tanto disse que "há palavras a mais na política portuguesa" só lhe resta fazer "mea culpa" e reconhecer que é ele quem anda a falar demais e, por vezes, sem saber muito bem sobre que fala.
Como votei contra todos os cortes salariais, não me espanta que quem os defendeu e aprovou - PS, PSD, Cavaco Silva - venham agora ameaçar quem aprovou medidas parciais de compensação.
O que espanta é a velocidade supersónica com que Cavaco muda de postura, do apelo à contenção verbal para uma total incontinência verbal. O que espanta também - e compromete a sua emérita imagem de rigor e competência - é confundir compensações salariais com impostos. E não saberá também Cavaco que há regimes fiscais que tributam de forma diferente idênticas situações e rendimentos? Esqueceu por acaso, (ou por conveniência?), que há taxas diferentes de IVA em Portugal? E que há taxas de IRC diferentes a tributar rendimentos iguais, por exemplo nos regimes de interioridade ou na zona franca da Madeira? Serão inconstitucionais?
Se queria falar e está tão preocupado com a não tributação de rendimentos, porque nada disse estas semanas, (ainda estava em Portugal), quando foi tema maior a não tributação de dividendos antecipados e os milhões de mais-valias isentos de imposto?
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